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Número de mortos pelo terremoto no Chile passa de 700, diz presidente

Residentes buscam por seus pertences entre os escombros deixados pelo tremor na cidade costeira de Pelluhue; segundo o governo, pelo menos 2 milhões de pessoas estão desabrigadas   - Victor Ruiz Caballero/Reuters
Residentes buscam por seus pertences entre os escombros deixados pelo tremor na cidade costeira de Pelluhue; segundo o governo, pelo menos 2 milhões de pessoas estão desabrigadas Imagem: Victor Ruiz Caballero/Reuters

Do UOL Notícias* <br>Em São Paulo

28/02/2010 17h56

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O número de mortos pelo terremoto que atingiu o Chile no sábado (27) subiu para mais de 700, disse a presidente chilena, Michelle Bachelet, durante entrevista coletiva neste domingo (28). Segundo ela, o número de vítimas ainda deve aumentar.

"Estamos diante de uma emergência", disse Bachelet no palácio presidencial. A presidente ordenou a retomada nas próximas horas dos voos nacionais e internacionais no país que foram suspensos por causa do terremoto.

"A catástrofe é enorme. A última cifra que temos até agora é de 708 mortos (...) e há um número que eu diria crescente de pessoas desaparecidas", acrescentou.

A maior parte das mortes ocorreu na região do Maule, com 541, seguido pela localidade de Bio-Bio, com 64. Os 103 restantes morreram em outras seis regiões do país.

O Chile calcula os estragos provocados por um dos maiores terremotos da história, que deixou 2 milhões de desabrigados, além de vários alarmes para tsunamis, inclusive no Japão, do outro lado do oceano Pacífico. Cerca de 1,5 milhão de casas foram afetadas pelos tremores, que também foram sentidos no Brasil. As autoridades declararam parte do país como zona de catástrofe.

Mais de 60 réplicas do sismo de magnitude 8,8 que atingiu o centro e o sul do país sul-americano no sábado deixaram milhões de chilenos atentos durante toda a noite. Centenas de pessoas dormiram em colchões e cadeiras de plástico nas ruas do centro de Santiago com medo de outro terremoto, como o que demoliu edifícios e hospitais, quebrou pontes e virou automóveis como se fossem de brinquedo.

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Uma forte réplica do terremoto estremeceu edifícios na capital chilena na manhã deste domingo, disseram testemunhas. Não há informações sobre novas vítimas ou danos a prédios ou casas.

Os danos foram mais graves em Concepción, a segunda maior cidade do país a 500 quilômetros de Santiago, onde o terremoto derrubou casas e pontes, e apenas chamas dos incêndios iluminavam a madrugada deste domingo. Um edifício desabou no sábado na cidade e 100 pessoas teriam ficado presas sob os escombros, disse neste domingo a prefeita da cidade, Jacqueline van Rysselberghe.

"As horas e o tempo são o fator crítico para salvar as pessoas que estão aqui dentro", disse a prefeita, entrevistada pelo canal estatal de televisão no local da tragédia. Van Rysselberghe criticou o governo chileno pela demora no envio de equipes de socorro. "É uma vergonha que não tenham conseguido chegar ontem", afirmou.

Algumas pessoas percorriam Concepción empurrando seus pertences em carrinhos de supermercado. Outras acampavam no centro da cidade, onde os únicos carros que circulavam eram os da polícia.

"Me disseram que meus móveis foram perdidos, minha televisão, minha geladeira. Não me importo. O bom é que minha família está bem. O material pode ser resgatado", disse Francisco Luna, de 42 anos, em uma rua de Concepción.

Os tsunamis provocados pelo terremoto no Chile atravessaram o Pacífico e obrigaram a retirada da população em regiões costeiras do Japão.

No Chile, as autoridades disseram que na próxima semana será possível ter uma ideia clara da magnitude dos estragos provocados pelo terremoto. O terremoto teve seu epicentro a 35 quilômetros de profundidade, na região de Bio Bio, a cerca de 320 quilômetros ao sul da capital chilena e a 91 quilômetros ao norte de Concepción.

Danos enormes

Mas está claro que o custo seria alto para o Chile, uma das economias que mais crescem na América Latina.

"Há uma enorme quantidade de danos que não sabemos exatamente sua exata dimensão, que está sendo avaliada", disse a presidente Michelle Bachelet, que a menos de duas semanas de deixar o poder enfrenta a maior prova de seu mandato.

  • Reuters

    Parentes e bombeiros buscam por sobreviventes entre os escombros na cidade de Concepción

 A mineração, uma das principais fontes de receita do país, sobreviveu ao terremoto e, segundo o governo, não terá problemas para cumprir com seus compromissos de exportação, embora algumas minas estavam fechadas por falta de energia elétrica.

A maior mina de cobre do mundo, chamada Escondida, da BHP Billiton, funcionava normalmente, segundo o líder sindical Zeiso Mercado.

A estatal Codelco, maior produtora de cobre do planeta, suspendeu os trabalhos nas minhas de El Teniente e Andina por falta de eletricidade, mas os depósitos não sofreram danos graves e devem retomar a produção em alguns dias.

O abalo sísmico também afetou as refinarias Aconcagua e Bío-Bío, da petrolífera estatal ENAP.

As filas de veículos aumentaram nos postos de combustível abertos em Santiago, apesar de a ENAP ter descartado problemas de abastecimento.

Em Talcahuano, um dos principais portos do país, perto de Concepción, o tsunami destruiu vários barcos e os deixou no cais.

E em Santiago, o aeroporto internacional permanecia fechado devido aos estragos provocados na torre de controle, e as comunicações telefônicas ainda eram precárias nesta madrugada.

Custo humano

Mas o custo humano do terremoto, o quinto mais forte desde 1900, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, foi muito menor do que o sismo que devastou o Haiti em janeiro.

Especialistas disseram que o Chile, localizado em uma das zonas mais sísmicas do planeta, estava melhor preparado.

Ainda assim, dezenas de pessoas continuavam desaparecidas em Juan Fernández, uma ilha a 600 quilômetros da costa chilena, onde um povoado foi arrasado pelas ondas que invadiram até 300 metros.

Em Concepción, os bombeiros utilizavam cachorros para buscar sobreviventes presos sob os escombros dos edifícios, segundo a televisão.

O terremoto derrubou ao menos três hospitais na capital e causou pânico no balneário de Viña del Mar, onde milhares de chilenos desfrutavam do último fim de semana das férias de verão.

O presidente norte-americano, Barack Obama, disse que os Estados Unidos estavam prontos para ajudar o Chile. Brasil, Argentina, Bolívia, Peru e Venezuela também ofereceram apoio.

Bachelet declarou zonas de catástrofe as regiões de Maule, Bío-Bío, O'Higgins, Araucanía, Valparaíso e Metropolitana, que concentram 80 por cento da população do país.

O Chile, localizado na intersecção de duas placas geológicas, foi arrasado no passado por outros terremotos. Muitos lembram o tremor de magnitude 9,6 que devastou a cidade de Valdivia em 1960, o maior já registrado.

Países vizinhos são atingidos

No Brasil, o Corpo de Bombeiros de São Paulo recebeu mais de cem ligações de pessoas que sentiram pequenos tremores de terra. O terremoto também foi sentido no interior paulista, em São José dos Campos. Não há informações sobre mortes de brasileiros no Chile.

Todos os voos previstos para Santiago foram cancelados após o fechamento do aeroporto na capital chilena. A reabertura está prevista somente para terça-feira (2). Brasileiros em busca de ajuda para deixar a região procuraram a embaixada, mas terão que esperar a remarcação dos voos.

O Itamaraty informou que está trabalhando para dar apoio aos brasileiros que se encontram no Chile. O governo organizou o Núcleo de Assistência a Brasileiros, que irá fornecer informações referentes a cidadãos brasileiros no país.

As informações podem ser obtidas pelos telefones: (61) 3411-8804 e (61) 3411-8805, entre 10h e 18h e (61) 8197-2284, entre 18h e 10h.

*Com agências internacionais