EUA precisam aprender a lidar com radicalismo doméstico, diz relatório sobre terrorismo
Os Estados Unidos demoraram a levar a sério a ameaça representada pelo aumento do radicalismo dentro do país e o governo não conseguiu colocar em prática sistemas para lidar com o fenômeno, afirma um novo relatório elaborado por ex-líderes da Comissão do 11 de Setembro.
O relatório diz que as autoridades dos EUA falharam em não reconhecer que o fato de jovens somali-americanos terem viajado de Minnesota para Mogadício em 2008 para juntarem-se a extremistas não foi um episódio isolado.
"Nossa antiga crença de que o crescimento do terrorismo em território doméstico não poderia acontecer criou uma situação em que estamos tropeçando cegamente em um campo minado legal, operacional e organizacional no combate à radicalização e recrutamento de terroristas dentro dos EUA", disse o relatório.
Como resultado, ainda não há nenhuma agência federal encarregada especificamente da identificação de radicalização ou que trabalhe para impedir o recrutamento de cidadãos e residentes americanos por terroristas, afirma o relatório, programado para ser lançado nesta sexta-feira pelo Centro Bipartidário de Política, sediado em Washington.
O grupo, liderado pelo ex-líderes da Comissão do 11 de Setembro, Tom Kean e Lee Hamilton, apresentou uma descrição detalhada dos incidentes do terror doméstico, que vão desde o atentado a tiros de Fort Hood, no Texas, passando por um ataque de avião no natal de 2009 até o episódio do caminhão-bomba na Times Square em maio deste ano.
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Mas os EUA, disse o grupo, deveriam ter aprendido mais cedo a partir da experiência do Reino Unido. Antes dos atentados suicidas de Londres em 2005, os britânicos acreditavam que os muçulmanos que moravam lá eram mais bem integrados, educados e mais ricos do que os de outros lugares. Da mesma forma, os EUA acreditavam que a mistura de nacionalidades e religiões protegeria o país do radicalismo interno.
Os terroristas, disse o relatório, podem ter descoberto o calcanhar de Aquiles dos EUA, que é a falta de estratégia para combater o radicalismo interno.
Funcionários do governo reconheceram a necessidade de abordar o problema e, neste ano, a Casa Branca adicionou pela primeira vez a luta contra o terrorismo dentro do país à sua estratégia de segurança nacional. O plano inclui um "esforço interinstitucional novo que reúne as principais partes interessadas" e contínuo "alcance para as comunidades em todo o país", disse Ben Rhodes, conselheiro de segurança nacional da Casa Branca.
O FBI, por sua vez, tem trabalhado para chegar às comunidades de somalis, em um esforço para combater a radicalização dos jovens.
O relatório também aponta para uma "americanização" da liderança da Al Qaeda e seus grupos aliados. Um exemplo seria o clérigo radical Anwar al-Awlaki, que cresceu no Novo México e tinha ligações com suspeitos no atentado fracassado da Times Square e nos tiros de Fort Hood. Há também o caso de David Headley, de Chicago, que desempenhou um papel importante na elaboração dos ataques de Mumbai no final de 2008, que matou mais de 160 pessoas.
No exterior, a Al Qaeda, suas afiliadas e outros grupos extremistas se dividiram e se espalharam, procurando refúgio em zonas sem autoridades do Paquistão, Iêmen, Somália e locais no norte e no leste da África. Essa ameaça se intensificou como a possibilidade dos militantes chegarem a potenciais recrutas através da Internet.
Com relação a ameaças futuras, o relatório enumera possíveis metas nacionais, que envolvem aviões de passageiros, cadeias de hotéis ocidentais ou americanos, sites judeus e soldados americanos, mesmo em suas próprias bases nos Estados Unidos.
O relatório também adverte que não é mais sensato acreditar que os extremistas americanos não vão recorrer a ataques suicidas. Como exemplo, eles apontam para o major do Exército Nidal Hasan, acusado de matar 13 pessoas e ferir outras 32 em tiroteios no ano passado, em Fort Hood, que teria escrito sobre ataques suicidas em um email, e cuja estratégia remetia a um.
*Com informações da Associated Press
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