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Protestos foram controlados no Marrocos, Argélia e Jordânia, mas podem voltar

Fabiana Nanô<br>Do UOL Notícias

Em São Paulo

30/10/2011 07h00

A Primavera Árabe derrubou regimes na Tunísia, Egito e Líbia, e provocou sérios levantes na Síria, Iêmen e Bahrein, cujos governos reprimiram violentamente a população e permanecem no poder. Protestos mais pontuais ocorreram na Argélia, Marrocos, Jordânia e Omã, mas foram abafados logo no início. Contudo, a possibilidade de voltarem a acontecer, com mais força, permanece em aberto.

Argélia: fatores históricos

No início da Primavera Árabe, acreditava-se que a Argélia, vizinha da Líbia e da Tunísia, também seria atingida por fortes protestos que levariam à queda do presidente Abdelaziz Bouteflika, no poder desde 1999. Isto não ocorreu, “talvez pela desilusão com o processo de lutas nas décadas de 50 e 60. Existem muitos fatores históricos”, afirma Arlene Clemesha, diretora do Centro de Estudos Árabes da USP (Universidade de São Paulo).

O país foi palco de uma guerra entre 1954 e 1962, que resultou na independência do país em relação à França, mas deixou um saldo de milhares de mortos, muitos deles civis.

Segundo José Farhat, cientista político e diretor de Relações Internacionais do Instituto de Cultura Árabe (Icarabe), a situação no país é “muito delicada”. “O governo é rico e lembrou que existia um povo, então começou a proporcionar projetos novos e melhorias das condições. A ocorrência de um levante mais sério dependerá da satisfação do povo com essas reformas.”

Marrocos e Jordânia: dois reis na mira do povo

Clemesha ressalta que as revoltas contra o rei Mohammed 6º, do Marrocos, foram duramente reprimidas, ao mesmo tempo em que o governo ofereceu reformas. Na Argélia e Jordânia, ocorreu o mesmo. “Eles conseguiram barrar o movimento logo no início”, afirma.

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“Eles acalmaram um pouco o povo”, concorda Farhat. O professor faz um alerta, porém, em relação ao alto índice de desemprego na Jordânia -- na casa dos 13% --, que pode acabar por reacender a chama contra o rei Abdullah 2º. O acordo de paz do país com Israel, assinado em 1994, também desagrada a população, formada por muitos refugiados palestinos.

Omã: influência da Arábia Saudita

Protestos pontuais ocorreram em Omã, onde a dinastia Al Said, do sultão Qaboos bin Said al Said, no poder desde 1970, governa o país há mais de 250 anos e tem fortes laços com a monarquia da Arábia Saudita e o governo dos Estados Unidos.

Esta nação da Península Arábica tem problemas parecidos aos do Iêmen e do Bahrein, devido à influência da Arábia Saudita, a grande potência da região. A professora Clemesha classifica o governo saudita como "o maior regime fundamentalista de todo o Oriente Médio" e diz que, por temer que a população se rebele por influência dos vizinhos, o governo saudita tem dado suporte aos ditadores do Iêmen, Bahrein e Omã.