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Para britânico, Irã se dispõe a negociar quando há ameaça de sanção

Fábio Brandt

Do UOL, em Brasília

18/01/2012 18h23

O chanceler britânico, William Hague, afirmou nesta quarta-feira (18), em Brasília, que é positiva a retomada de negociações sobre o programa nuclear do Irã. Mas disse que “muitas vezes, quando se fala em sanções, aí vem uma [proposta de] negociação do Irã”. Ele fica no Brasil até esta quinta-feira (19).

Chanceleres da União Europeia vão se reunir na próxima segunda-feira (23) para decidir sobre um embargo à importação de petróleo iraniano a partir de julho. A medida relaciona-se a pressões para que o Irã discuta seu programa nuclear com a comunidade internacional.

“Não estamos determinados a impor sanções adicionais. Mas simplesmente [com] a mera sugestão de que pode haver sanções, surge uma vontade maior [de negociar por parte do Irã] e agora queremos ver negociações efetivas”, afirmou.

Segundo Hague, “há várias opções com relação à cronologia para introduzir o embargo. Caberá aos ministros discutirem conjuntamente”.

O governo do Irã já indicou que deve retomar negociações em reunião na Turquia. Essa posição, segundo Hague, é vista com “bons olhos” pelo Reino Unido. Ele disse que será “bem-vinda” uma participação do Irã se o país “chegar à mesa de negociações com espírito sincero sobre resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, que descumpriu.

Ilhas Malvinas

Na entrevista, o chanceler britânico também falou sobre a divergência entre seu governo e o do Brasil na questão das Ilhas Malvinas (Falklands). Ele falou à imprensa ao lado do ministro brasileiro Antonio Patriota (Relações Exteriores) após conversarem sobre as relações entre os dois governos.

Segundo Hague, a discordância entre Brasil e Reino Unido não impede que os dois governos tenham “relação vasta e produtiva” em outras em questões. Recentemente, o Brasil apoiou o fechamento dos portos do Mercosul para navios das Ilhas Malvinas, atitude favorável à Argentina no impasse com o Reino Unido.

A questão voltou à tona por conta de acusações feitas pelos dois governos. Argentinos acusam os britânicos de violar acordos ao perfurar águas das ilhas. Já os britânicos dizem que a Argentina fere a autodeterminação do povo da ilha.

Brasil e Reino Unido

Além da questão das Malvinas, Patrioga e Hague falaram sobre relações entre Brasil e Reino Unido. Afirmaram que nos próximos quatro anos 10 mil brasileiros devem estudar no Reino Unido com apoio do programa Ciência sem Fronteiras, do governo federal.

O britânico também disse que “o Brasil é um parceiro de importância crescente para o Reino Unido” e reafirmou a posição de seu governo favorável à entrada do Brasil como integrante permanente do Conselho de Segurança da ONU.

O ministro Patriota disse que houve “recorde” no comércio entre os dois países em 2011. Dados do governo sustentam que o comércio entre Brasil e Reino Unido totalizou R$ 8,57 bilhões em 2011 –10,21% mais do que em 2010.