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Vladimir Putin é eleito presidente da Rússia; oposição convoca protestos

Do UOL*, em São Paulo

05/03/2012 07h52

O atual primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, vai suceder Dmitri Medvedev na presidência do país. Com 99,3% das urnas apuradas, Putin obteve 63,4% dos votos totais - quase 45 milhões. Grupos de oposição afirmam que o pleito, realizado no domingo (4), foi marcado por fraudes generalizadas e convocaram protestos contra o resultado para esta segunda-feira (5).

Com este resultado, o primeiro-ministro, que já exerceu o cargo de presidente entre 2000 e 2008, é o ganhador do pleito no primeiro turno. Putin afirmou que o povo da Rússia demonstrou saber "diferenciar os ares de mudança das tentativas de destruir o país".

"Vencemos uma luta aberta e limpa!", gritou no meio das aclamações de seus jovens seguidores na praça moscovita de Manezh, deixando claro que sua vitória não foi uma surpresa. Ele afirmou que vai cumprir todas suas promessas eleitorais sobre aumentos salariais, pensões e subsídios.

"Não haverá segundo turno. Esta vitória estava clara há dois ou três meses", disse o cineasta Stanislav Govorujin, chefe de campanha de Putin, em declarações ao vivo pela televisão logo após os primeiros resultados serem divulgados.

O líder do Partido Comunista da Rússia, Gennady Ziuganov, foi o segundo candidato mais votado, com 17,19%, segundo os dados da CEC.

 

O terceiro lugar corresponde ao multimilionário Mikhail Prokhorov (7,82%), considerado uma das grandes surpresas da campanha presidencial russa ao se tratar de um candidato sem experiência política.

O ultranacionalista Vladimir Jirinovski, que participou de várias votações presidenciais nos últimos 20 anos, é quarto, com 6,23% dos sufrágios.

O social-democrata Sergei Mironov, antigo presidente do Senado, é quinto e último com 3,85% dos votos emitidos.

Oposição contesta resultados

Grupos de oposição contestam os resultados das eleições e convocaram uma série de protestos para esta segunda-feira. 

Poucos minutos após se saber os primeiros resultados oficiais, o líder comunista já negou a legitimidade destas eleições, que o chefe da campanha de Putin considerou "as mais limpas de toda a história da Rússia".

"Não vejo o sentido de felicitar ninguém. Com estas eleições perdemos todos. Limparam os pés com nossos cidadãos", proclamou Ziuganov.

Ele acrescentou que "como candidato", não pode "reconhecer o pleito realizado como limpo, justo nem honesto".

"A enorme máquina estatal, criminosa e corrupta, trabalhou a favor de um só candidato", disse o líder comunista em alusão a Putin.

Enquanto isso, Prokhorov assegurou que "estas eleições não foram limpas" e adiantou que seus advogados já preparam o recurso perante os tribunais.

Também questionou a vitória de Putin o ex-presidente da União Soviética Mikhail Gorbachev ao duvidar que os dados oficiais preliminares reflitam as preferências reais dos cidadãos.

"Há grandes dúvidas que estes (resultados) reflitam os ânimos da sociedade. Mas enquanto não houver falsificações maciças confirmadas é difícil fazer comentários", disse Gorbachev.

Dezenas de caminhões e ônibus repletos de agentes das forças especiais da Polícia e soldados das tropas de Interior se encarregam de garantir a segurança em todo o centro de Moscou para prevenir protestos opositores.

"Esta vitória não a cederemos a ninguém. Precisamos dela para que nosso país seja moderno, forte, e independente", proclamou o atual presidente, Dmitri Medvedev, ao proclamar a vitória de Putin.

Para Mironov, no entanto, antigo amigo do homem forte da Rússia, Putin "não aguentará o prazo estabelecido pelo mandato presidencial".

Ziuganov também advertiu que as autoridades russas "não poderão governar como até agora".

"É necessário mudar profundamente o sistema eleitoral para que as eleições sejam justas", advertiu Gorbachev, e insistiu que já antes do final do ano "é preciso realizar novas legislativas".

No Cáucaso Norte, cuja pacificação os partidários de Putin citam entre suas principais conquistas, pelo menos três policiais morreram em um ataque guerrilheiro contra um colégio eleitoral no Daguestão.

Votação em Moscou

Moscou, com 11,5 milhões de habitantes, deu as costas ao atual primeiro-ministro, Vladimir Putin, nas eleições presidenciais ao dar-lhe um de seus piores resultados eleitorais. Putin perdeu na capital russa quase um terço dos votos que tinha obtido há quatro anos seu sucessor, o presidente em fim de mandato Dmitri Medvedev.

O chefe do governo russo obteve na capital 47,22% dos votos, enquanto em 2008 Medvedev conseguiu 70,28%.

Já as repúblicas do Cáucaso Norte o receberam de braços abertos: na Chechênia, onde a participação superou 99,5% do censo, o primeiro-ministro conseguiu o apoio de 99,73% dos eleitores. (Com Agências Internacionais)