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Atentado suicida em praça no Iêmen deixa mais de 90 mortos

Do UOL, em São Paulo

21/05/2012 06h03Atualizada em 21/05/2012 10h47

Mais de 90 soldados morreram e 300 ficaram feridos nesta segunda-feira (21) em um atentado suicida contra uma unidade militar que se preparava para um desfile na praça Sabein, no Iêmen.

O balanço anterior informava sobre 50 mortos no atentado cometido por um homem-bomba, que detonou seus explosivos em meio às tropas que preparavam na praça Sabiin o desfile comemorativo pelo 22º aniversário da unificação do Iêmen.

A explosão foi tão potente que deixou uma cratera na praça. Um homem que disse falar pelo grupo militante Ansar al-Sharia, ligado à Al Qaeda, disse num telefone à agência de notícias Reuters que a organização estava por trás do ataque.

Um porta-voz do Ansar al-Sharia confirmou posteriormente a autoria, dizendo que o ataque era uma resposta aos "crimes" cometidos pelas forças de segurança que lutam contra militantes no sul do país. A autenticidade da autoria do ataque não pôde ser confirmada.

O ministro da Defesa, Mohamed Naser Ahmad, e o chefe do Estado Maior, Ali al Ashual, que estavam na praça no momento da explosão, saíram ilesos do ataque, segundo anunciou o ministério. Testemunhas contam que o suicida estava disfarçado de policial e detonou um cinto de explosivos que trazia junto ao corpo ao final dos ensaios para o desfile comemorativo.

Pedaços de corpos e sangue ficaram espalhados pela avenida de dez faixas onde acontecia a apresentação militar. A área foi isolada pelas autoridades.

Veja o local após o ataque

"Estávamos num desfile e, de repente, houve uma explosão enorme. Dezenas dos nossos homens morreram. Nós tentamos ajudá-los", disse um homem que identificou-se como coronel Amin al-Alghabati, com as mãos e o uniforme sujos de sangue.

O presidente Abd Rabbo Mansur Hadi previa assistir a este desfile na terça-feira e pronunciar um discurso. "Todas as vítimas são oficiais e soldados", afirmou uma fonte militar à agência de notícias France-Presse.

Dezenas de ambulâncias se dirigiram ao local para evacuar as vítimas, e as forças de segurança bloquearam os acessos ao setor. As vítimas foram transportadas a sete hospitais da capital, segundo fontes médicas.

Ofensiva

O ataque coincidiu com uma ofensiva em parceria EUA-Iêmen contra militantes ligados à Al Quaeda no sul do país, onde eles controlam várias cidades. As tropas se aproximaram dos pontos-fortes dos militantes no domingo, após violentos confrontos.

Iêmen é alvo de atentado

  • Arte/UOL

Os militantes provocaram uma instabilidade política no Iêmen e ganharam espaço diante da paralisia vivida na maior parte de 2011 em consequência dos protestos da Primavera Árabe, que acabaram por derrubar o presidente Ali Abdullah Saleh. O Iêmen é a casa da Al Qaeda na Península Arábica (AQAP) e é considerado pelos Estados Unidos uma grande ameaça, não apenas para a segurança da região mas também para a sua própria proteção. Um instrutor militar dos EUA ficou ferido em um ataque a uma equipe militar norte-americana no domingo.

Trata-se do primeiro grande atentado em Sanaa desde a chegada ao poder em fevereiro do presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, que se comprometeu a lutar sem descanso contra a Al-Qaeda.

O exército lançou no dia 12 de maio uma grande ofensiva contra a Al-Qaeda, com o objetivo de retomar as cidades do sul do país controladas pelo movimento. A ofensiva, a maior lançada contra a Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), deixou 227 mortos, segundo um último balanço. (Com agências internacionais)