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Em protesto, emissora pública do Paraguai abre microfone ao vivo para manifestantes

Guilherme Balza

Do UOL, em Assunção

23/06/2012 20h45

A “TV Publica” do Paraguai abriu o microfone para manifestantes expressarem suas opiniões a respeito do momento político vivido pelo país após a deposição de Fernando Lugo. As declarações estão sendo transmitidas ao vivo pela emissora, que é pública e foi criada em 2011 por Fernando Lugo, para todo o país.

Manifestantes criticam deposição de Lugo em TV pública

O programa, batizado de “Microfone Aberto”, é um protesto contra o atual governo de Federico Franco, que chegou ao poder após a deposição relâmpago de Lugo. Os manifestantes e funcionários da TV acusam o novo presidente, pertencente ao Partido Liberal Autêntico Radical, de partidarizar a televisão, ao contrário do antecessor.

Por conta da ação da emissora, um grupo numeroso está reunido ao redor do microfone, no primeiro protesto deste sábado na capital paraguaia. Policiais estão no local acompanhando a manifestação.

No estúdio, apresentadores da emissora conversam com comentaristas e diretores da TV críticos à deposição de Lugo e questionam a partidarização da televisão. Eles também estão entrevistando por telefone telespectadores interessados em emitir sua opinião.

Marcelo Martinessi, então diretor executivo da TV Pública, despediu-se do cargo no ato. “Já não sou diretor da TV Publica. Me parece importante que esse espaço nosso continue. Lutaremos para que microfones sejam abertos nas praças e universidades do país”, afirmou, acrescentando que sempre teve autonomia enquanto estava a frente do veículo.

O governo de Franco nomeou um diretor interino da TV Pública, Gustavo Canata, funcionário da Secretaria de Informação e Comunicação da Presidência.

Ontem, momentos depois de aprovada a deposição de Lugo, um homem chamado Cristian Vázquez entrou na sede da TV Pública, dizendo que foi enviado pelo novo presidente. Segundo Martinessi, ele estava acompanhando de policiais e exigia informações sobre a programação, em especial a respeito do programa Microfone Aberto, de acordo com informações da imprensa paraguaia.

Vázquez negou que tenha sido truculento e que só foi à emissora conversar com os diretores sobre como se dará a transição da gestão da TV.