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Paraguai declara embaixador da Venezuela como "persona non grata" e ordena sua expulsão do país

Do UOL, em São Paulo

04/07/2012 17h35Atualizada em 06/07/2012 23h29

O governo do Paraguai declarou nesta quarta-feira (4) como persona non grata o embaixador da Venezuela no país, Don José F. Javier Arrúe De Pablo, e ordenou a retirada do chefe da delegação diplomática paraguaia em Caracas, segundo um comunicado de seu Ministério das Relações Exteriores.

Segundo o jornal paraguaio ABC Color, o ministério afirmou que "diante das graves evidências de intervenção por parte de funcionários da República Bolivariana da Venezuela em assuntos internos da República do Paraguai, o governo pede a retirada do embaixador de seu país".

O texto ainda diz que pelo fato de o embaixador não estar no país, não é necessário um plano de abandono. A medida tem efeito imediato.

Vídeo

A ministra de Defesa do Paraguai, María Liz García, divulgou ontem um vídeo com imagens de uma suposta reunião em que o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, teria mantido com altos comandantes militares paraguaios no dia 22 de junho, pouco antes do processo de impeachment relâmpago que determinou a saída de Fernando Lugo da presidência do país.

Em breve entrevista coletiva, a ministra disse que recebeu ordens do presidente Federico Franco de entregar à imprensa cópias da gravação, que mostra os participantes do encontro entrando e saindo do local onde ocorreu a reunião. María Liz acusou há alguns dias Maduro de incentivar as Forças Armadas paraguaias a se rebelarem contra a cassação de Lugo.

"Tenho certeza que vão entregar (cópias do vídeo) às instâncias correspondentes", disse hoje a ministra em referência ao Ministério Público. As imagens, editadas e sem áudio, foram exibidas por um canal de televisão paraguaio. A reunião teria ocorrida entre às 16h23 e 16h33 do dia 22, pouco antes do início da sessão no Senado que culminou no impeachment de Fernando Lugo, considerado culpado por mau desempenho de suas funções.

O encontro de Maduro com comandantes das três divisões das Forças Armadas teria sido convocado pelo chefe do gabinete militar da presidência de Lugo, o general Ángel Vallovera, e ocorrido no Palácio de Governo. Teriam participado da reunião os comandantes do Exército, Adalberto Garcete, da Marinha, Juan Benítez, e da Força Aérea, Miguel Christ.

Assim que assumiu a presidência, Franco substituiu o chefe de seu gabinete militar e os comandantes do Exército e da Marinha.

A rede multiestatal TeleSur publicou a íntegra do vídeo, nas imagens, afirma a emissora, Maduro não aparece sozinho com os militares, como havia insinuado o material editado e transmitido por uma televisão paraguaia. Ele estava acompanhado de seus pares da Unasul (União de Nações Sul-americanas).

Conforme informou a TeleSur, além dos chanceleres dos países do bloco regional estava também no encontro o secretário-geral, Alí Rodríguez. Na sexta-feira passada, García acusou Maduro de tentar incentivar um levante das forças armadas paraguaias, o que o tornou persona non grata do novo governo. O diplomata reiterou seu repúdio ao novo governo e afirmou que "não grato é o golpe dado contra o presidente Fernando Lugo”.

"Essas coisas que dizem essa pessoa de um governo ilegítimo como o que surgiu desse golpe de Estado te mostram o aspecto político e moral de quem acaba de dar um golpe e correm para acusar outros de dar golpes e contragolpes (…) Essa acusação não tem relação com a realidade", afirmou Maduro.

Suspensão do Mercosul

Os presidentes de Argentina, Brasil e Uruguai fecharam um acordo na reunião do Mercosul realizada na cidade argentina de Medonza para suspender “temporariamente” o Paraguai do bloco até as eleições presidenciais de abril de 2013, logo depois do impeachment que depôs Fernando Lugo. Ao mesmo tempo, a cúpula decidiu o ingresso da Venezuela no bloco.

Assim que Lugo foi deposto, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, decidiu retirar o embaixador do Paraguai do país, além de afirmar que cessaria o fornecimento de petróleo como forma de rechaçar a destituição do ex-presidente, que qualificou como golpe de Estado.

Posteriormente, o presidente da Petropar, Sergio Escobar, anunciou que a petrolífera estatal venezuelana PDVSA não cortará o envio de combustível ao Paraguai, como havia anunciado Chávez. (Com Opera Mundi e EFE)