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Conflito na Síria aumenta tensão no Líbano, diz almirante que chefiou missão de paz na região

Militares reencontram familiares na chegada da fragata União, da Marinha Brasileira, neste sábado no Rio - Rudy Trindade/Frame/AE
Militares reencontram familiares na chegada da fragata União, da Marinha Brasileira, neste sábado no Rio Imagem: Rudy Trindade/Frame/AE

Vladimir Platonow

Da Agência Brasil, no Rio

07/07/2012 15h41

 A situação geopolítica pode se deteriorar no Líbano com o agravamento da guerra civil na vizinha Síria, levando a região a um conflito generalizado. O alerta é do almirante Luiz Henrique Caroli, que comandou a Força-Tarefa Marítima (FTM) da Força Interina das Nações Unidas para o Líbano (Unifil, na sigla em inglês), de fevereiro de 2011 a fevereiro de 2012.

“A ligação existente entre Líbano e Síria pode levar a uma degradação da situação como um todo, o que aumenta importância da força-tarefa marítima na missão, na medida em que as armas que hoje entram por terra no Líbano podem passar a entrar pelo mar”, avaliou Caroli, que participou hoje (7), na base naval do Rio, da solenidade de retorno dos cerca de 300 militares que estiveram no Líbano a bordo da Fragata União.

O almirante considerou que se não houver progressos diplomáticos e políticos na Síria, a situação pode tragar o Líbano para uma guerra generalizada. “Os dois países são como um só. Tem famílias que moram nos dois lados. O que acontece em um país, se reflete no outro. É inevitável”, declarou.

O agravamento na região também é apontado pelo comandante da Fragata União, capitão Ricardo Gomes, que desembarcou com a tripulação. “A situação da Síria influencia muito dentro do Líbano. A tensão aumentou bastante. Cada vez mais vemos uma preocupação de todos ali presentes com o conflito na Síria. Percebemos a presença de forças dentro do Líbano que são pró governo sírio e outras que são contra o governo da Síria.”

O retorno dos militares foi saudado com festa na base naval, com a presença de parentes. No tempo em que estiveram no Líbano, muitos tiveram a família aumentada. Com apenas 5 meses de idade, a pequena Amanda esperava nos braços da mãe, Rejane Tinoco dos Santos, para ser apresentada oficialmente ao pai, o sargento Paulo Anderson dos Santos.

“Foi uma fase muito difícil. Os primeiros meses foram complicados. Ficar longe dele, vendo só pela internet. Foram nove meses e dois dias. Não é fácil ser esposa de militar”, disse Rejane, que aguardava ansiosa a volta do marido, ao lado da outra filha, Carolina, de 4 anos.

Ana Cristina Rocha da Silva, mãe de Manuela, de 2 meses e 14 dias, que vestida de marinheira esperava para ser finalmente abraçada pelo pai, o suboficial João Vicente da Silva, manifestava a sua expectativa pela chegada do marido. “É difícil e complicado, mas é a profissão dele, temos que aceitar. O coração está acelerado, agora é que ele vai ver a filha e poder pegar no colo”, comemorou Ana Cristina Rocha da Silva.

A Fragata União retornou ao Brasil após nove meses de missão, tendo sido substituída pela Fragata Liberal. O comando atual da FTM, que inclui navios de mais cinco países, é do almirante Wagner Zamith. O próximo navio a seguir para a região será a Fragata Constituição.

A missão da Unifil é garantir segurança e estabilidade ao Líbano, ajudando a impedir a entrada de armas e contrabando. O país está em uma região historicamente conflagrada, fazendo fronteira com Israel de um lado e Síria do outro, próximo ao Iraque e ao Irã.