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Falsos taxistas aplicam golpes em turistas em Buenos Aires; brasileiros contam experiências

Gabriel Carvalho

Do UOL, em Buenos Aires

10/11/2012 06h00

A cidade argentina de Buenos Aires, que recebeu mais de 2,3 milhões de turistas em 2010, segundo o último levantamento do Departamento de Turismo do governo local, não tem sido um lugar de boas recordações para alguns visitantes. Taxistas clandestinos e batedores de carteira são as principais dores de cabeça dos que visitam a cidade no período de férias, participam de algum evento corporativo ou passam feriados prolongados nela. 

A capital argentina é um dos destinos favoritos dos brasileiros --do total de turistas, mais de 800 mil eram brasileiros, o que representa 34% dos visitantes em 2010--, que relatam seus problemas na hora de se locomover na cidade. A recepcionista Marli Santos, que mora em Salvador e foi a Buenos Aires participar da FIT (Feira Internacional de Turismo), foi uma das vítimas de um golpe.

Ela conta que pegou, juntamente com uma colega de trabalho, um táxi do Aeroparque para o centro da cidade. Porém, um segundo homem entrou no carro, se identificando como “coordenador do serviço de táxis do aeroporto”.

“Ele seguiu viagem conosco até o centro da cidade, onde ficava o nosso hotel, e ajudou o motorista a nos saquear, levando alguns poucos dólares que tínhamos na bolsa”, contou Marli. 

Em sua página no Facebook, a secretária Dayse Falcão alerta aos amigos para terem cuidado com os taxistas na Argentina. Na mensagem, ela diz: “Para quem vem a Buenos Aires, cuidado com os taxistas à noite. Por pouco não fomos vítimas de um. Ele tentou nos passar uma nota falsa, mas, por sorte, um argentino, dono restaurante, nos alertou”, contou Dayse, que estava acompanhada do marido no bairro de Puerto Madero. 

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    Em sua página no Facebook, a secretária Dayse Falcão alerta aos amigos para terem cuidado com os taxistas na Argentina

A administradora Paula Oliveira não teve a mesma sorte. Ela afirmou que o motorista do táxi que a transportou do centro ao bairro de Palermo trocou uma nota de 100 pesos (R$ 43) autêntica por uma falsa.

Depois, ele devolveu o dinheiro, dizendo que não poderia aceita-lo. “Meu dinheiro era autêntico, pois havia sido trocado em um banco oficial do governo”, afirmou. Como estava sozinha e, segundo ela, o motorista gritava muito, o jeito foi assumir o prejuízo. 

O taxista Ricardo Calderón, que trabalha há dois anos na função, alerta que esses são os delitos mais comuns praticados por falsos profissionais.

Ele recomenda aos visitantes, sobretudo àqueles que não conhecem a cidade, que utilizem táxis credenciados, procurem pagar com dinheiro trocado e fiquem atentos à identificação exposta no banco dos condutores.

Outra prática muito comum, conforme Calderón, é a utilização de taxímetros adulterados. De acordo com ele, esse talvez seja o obstáculo mais difícil  na estratégia de prevenção a roubos. 

O vice-presidente nacional da Abav (Associação Brasileira dos Agentes de Viagem), Edmar Bull, disse que os viajantes devem tomar cuidados em qualquer destino do mundo, acrescentando que os turistas que não têm o costume de fazer viagens internacionais estão mais vulneráveis a roubos.

Precauções

No site oficial do Consulado Geral do Brasil em Buenos Aires, há uma série de procedimentos e recomendações destinados aos brasileiros que pretendem visitar ou que estão na capital argentina. O texto alerta para furtos e roubos na calle Florida, principal rua de compras da cidade, e traz uma série com 13 recomendações. 

Os itens citam os cuidados que devem ser tomados com documentos de identificação, como carteira de identidade e passaporte, além de cartões de crédito, dinheiro e objetos como bolsas e celulares. Também há informações quanto aos procedimentos que o turista deve adotar após ser vítima de furto ou roubo. 

No que se refere aos táxis, o site do Consulado recomenda que o visitante confira a identificação do motorista e que faça uso de notas de baixo valor, sem deixar o restante do dinheiro à mostra. 

A reportagem do UOL entrou em contato com o Ministério do Turismo da Argentina e com o Departamento de Polícia local em busca de índices de roubos e ocorrências policiais envolvendo turistas em Buenos Aires, mas não obteve resposta.