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Em reunião da cúpula do Mercosul, Dilma cita Niemeyer e defende ampliação do papel do bloco na economia mundial

A presidente Dilma Rousseff cumprimenta o presidente do Uruguai, José Mujica, nesta sexta-feira (7), em Brasília - Roberto Stuckert Filho/PR
A presidente Dilma Rousseff cumprimenta o presidente do Uruguai, José Mujica, nesta sexta-feira (7), em Brasília Imagem: Roberto Stuckert Filho/PR

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

07/12/2012 13h37Atualizada em 07/12/2012 16h00

A presidente da República, Dilma Rousseff, defendeu nesta sexta-feira (7) em seu discurso na reunião da cúpula do Mercosul, que os países da América Latina ampliem seus papéis no cenário econômico mundial: de fornecedores de matéria-prima a provedores de manufatura e exportadores de conhecimento.

“O nosso desafio, agora, é o de materializar uma antiga aspiração de sermos além de grande provedores de alimentos, matéria-prima e energia para o mundo, sermos também provedores de manufatoua, portadores de conhecimento, capazes de criar ciência, tecnologia e de inovar”, afirmou a presidente.

Na avaliação de Dilma, a conjuntura internacional de crise econômica obriga o bloco a se reunir ainda mais e aperfeiçoar seus processos para melhorar a competitividade no mercado.

“O Mercosul tem que se integrar cada vez mais, integrar-se através do comércio, através de suas cadeias produtivas, melhorando a sua competitividade. Tudo isso exige inovação tecnológica e aperfeiçoamento dos processos”, ressaltou.  

Um dia depois do velório do Oscar Niemeyer em Brasília, a presidente iniciou seu discurso prestando uma homenagem ao arquiteto, morto na noite da última quarta-feira (5).  Ela citou uma das frases dele para expressar os caminhos que deseja para o bloco econômico latino-americano.

“Ele dizia que a gente tem que sonhar, senão, as coisas não acontecem. Concordamos com ele, nós, que temos o sonho de uma América Latina desenvolvida, com oportunidades iguais, uma sociedade democrática, pacífica e capaz de cooperar estreitamente”.

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Como resultado da reunião, a presidente destacou o lançamento do SIM (Sistema Integrado do Mercosul), que trata da  implementação de ações que incentivem o intercâmbio de estudantes em nível superior na região e a criação da rede Mercosul de pesquisa.

A presidente também comemorou o interesse do Suriname em entrar no bloco como Estado associado e a intenção da Bolívia de ser membro pleno.

Dilma também destacou que, apesar da suspensão do Paraguai no bloco, as relações comerciais foram mantidas normalmente e que não foram aplicadas sanções comercias para evitar que a população paraguaia fosse prejudicada.

Próximo presidente do bloco

Para o próximo presidente do bloco, o uruguaio José Mujica, Dilma deixou a necessidade de aperfeiçoamento e reformulação do Focem (Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul), criado em 2004, mas que só entrou em operação em 2007.

Com 40 projetos aprovados e carteira de mais de US$ 1,1 bilhão, o Focem financia ações nas áreas de energia, sanitária, habitação, transportes e incentivos a microempresa, biossegurança e capacitação tecnológica.

A reunião prossegue ao longo da tarde com a presença dos presidentes Mujica, Evo Morales (Bolívia), Cristina Kirchner (Argentina) e Rafael Correa (Equador), além de Alfonso Navarro (vice-ministro das Relações Exteriores do Chile), Rafael Ramírez (ministro de Minas e Energia da Venezuela), Marisol Espinoza (vice-presidente do Peru), Donald Ramotar (presidente da Guiana) e Desiré Bouterse (presidente do Suriname).

O presidente da Bolívia, Evo Morales, assinou o protocolo de adesão ao Mercosul. O documento consolida o interesse dos bolivianos em fazer parte do bloco. É a primeira etapa do processo, que costuma levar anos, pois envolve questões técnicas e jurídicas até a conclusão. As negociações para a adesão da Venezuela ao grupo duraram seis anos. A assinatura ocorreu durante a cerimônia de transmissão da presidência temporária do bloco do Brasil para o Uruguai.

Ao final, é esperada a divulgação de comunicado conjunto dos presidentes dos Estados parte e dos Estados associados.

Mercosul

Criado em 1991, o Mercosul (Mercado Comum do Sul) é composto por cinco “Estados partes”, ou membros plenos: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela e tem como "Estados associados", a Bolívia e o Chile (desde 1996), e a Colômbia e Equador, (desde 2004).

A Venezuela é o mais novo membro pleno do bloco, cujo termo de adesão entrou em vigor em 12 de agosto deste ano.

O objetivo do bloco é consolidar a integração política, econômica e social entre os países.

De acordo com Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o Mercosul  representa a 5ª economia mundial, com um PIB de US$ 3,3 trilhões, quase 80% da América do Sul e um mercado de 275 milhões de pessoas.

O Brasil ocupa a presidência rotativa e, por isso sedia a Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados. O próximo país a receber a presidência rotativa do bloco é o Uruguai, com duração de seis meses.

Em paralelo ao evento, ocorre o 1º Fórum Empresarial do Mercosul, que reúne as comunidades empresarias do bloco para discutir os desafios do processo de integração.