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Africano e italiano lideram apostas para novo papa; entenda a eleição do pontífice

Do UOL, em São Paulo

11/02/2013 13h03

Um africano, um italiano e até mesmo um canadense. Logo após o anúncio da renúncia do papa Bento 16, a partir de 28 de fevereiro, as apostas aumentam sobre seu sucessor.

Segundo a agência de notícias italiana de jogos e apostas Agipro News, os "bookmakers" britânicos apostam em um duelo entre Itália e África. A agência Paddy Power paga respectivamente 2,75 e 3,00 por eles. O cardeal nigeriano Francis Arinze lidera com 2,90, seguido pelo ganense Peter Turkson, com 3,25, e o canadense Marc Ouellet, com 6,00.

O primeiro italiano que aparece é o arcebispo Angelo Scola (8,00), seguido pelo cardeal secretário de Estado Tarcisio Bertone, atual número dois do Vaticano.

Os "bookmakers" estão inclusive apostando no nome do próximo pontífice: Pedro (5,00), Pio (6,00), João Paulo (7,00) ou um novo Bento (9,00).

Entenda

Durante seus 2.000 anos de história, a Igreja Católica modificou várias vezes o jeito de escolher o novo pontífice até chegar à fórmula atual do conclave, já que nada no Evangelho indica como escolher o sucessor do santo padre. Em 1060, por conta da intervenção de soberanos, de grandes famílias ou até da força armada na escolha dos papas, Nicolau 2º publicou a bula In Nomine Domini, que codificou permanentemente a eleição, deixando-a a cargo exclusivamente dos cardeais.

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Em 1970, Paulo 6º definiu as características atuais do colégio eleitoral: a idade limite de um cardeal para participar da eleição é de 80 anos e no número máximo de cardeis eleitores é de 120. João Paulo 2º confirmou essas regras em fevereiro de 1996 em sua constituição apostólica "Universi Domini Gregis".

Quando o chefe da Igreja Católica renuncia a sua função ou morre, seu sucessor é eleito pelos cardeais reunidos em conclave na Capela Sistina, onde ficam isolados do mundo exterior, distante de toda pressão externa. Eles se hospedam no edifício denominado "Domus Sanctae Marthae" (Residência Santa Marta), no Vaticano, e, embora sejam levados até ali de ônibus, são proibidos de usar o telefone, assistir à televisão ou trocar qualquer tipo de correspondência com o exterior nos dias prévios à escolha.

Este isolamento existe desde 1271 quando os cardeais, sem conseguir chegar a um acordo para escolher o sucessor de Clemente 4º, foram presos pelos cristãos e mantidos apenas com pão e água para que escolhessem o novo papa rapidamente. O eleito, Gregório 10º, adotou o isolamento como regra. Hoje, existe um mínimo de conforto durante a duração do conclave, já que vários deles são idosos.

Os cardeais entram em conclave em no mínimo 15 dias e no máximo 20 dias após a morte ou renúncia de um papa. Eles passam em cortejo da Capela Paulina até a Sistina, no Vaticano, onde acontece a eleição. Em seguida, as portas são fechadas, as chaves retiradas e o isolamento é assegurado pelo cardeal carmelengo, no interior, e pelo prefeito da Casa Pontifícia, no exterior.

Os cardeais não têm o direito de votar em si mesmo e devem, um de cada vez, prestar juramento de respeito ao voto secreto, de aceitar o resultado e de, se eleito, não renunciar jamais a reivindicar a plenitude dos direitos de pontífice romano.

O cardeal eleito é aquele que recebe pelo menos dois terços dos votos. Em caso de impasse, uma votação pela maioria absoluta é possível.

São duas votações de manhã e duas à noite. Ao final de cada votação, as cédulas são queimadas, sendo que a tradição indica que os cardeais devem usar palha seca ou úmida para que a fumaça seja preta (se não foi escolhido o papa) ou branca (se a votação deu como resultado a eleição do novo pontífice).  

Assim que o eleito "aceitar sua escolha canônica" como sumo pontífice, o primeiro dos diáconos -o cardeal Protodiácono - anuncia da sacada da Basílica vaticana a eleição do novo papa com a tradicional citação: "Nuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam".

O conclave para a escolha do próximo papa será realizado até o fim de março.

Pontificado de Bento 16
Pontificado de Bento 16
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Brasileiros na eleição

Cinco cardeais brasileiros deverão participar do processo. Segundo a última lista do Vaticano, atualizada há duas semanas, há um total de 119 cardeais aptos a votar no conclave. O Brasil tem um total de nove integrantes no Colégio Cardinalício do Vaticano, mas quatro deles já ultrapassaram a idade limite.

Os cardeais brasileiros que poderão votar são dom Cláudio Hummes, 78, ex-arcebispo de São Paulo e atual prefeito emérito da Congregação para o Clero, dom Geraldo Majella Agnelo, 79, arcebispo emérito de Salvador, dom Odilo Scherer, 63, arcebispo de São Paulo, dom Raymundo Damasceno Assis, 76, arcebispo de Aparecida, e dom João Braz de Aviz, 64, ex- arcebispo de Brasília e atual prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano.

Dom Eusébio Scheid, arcebispo emérito do Rio de Janeiro, está fora do conclave por ter completado 80 anos em dezembro. Também já ultrapassaram a idade limite os cardeais dom Paulo Evaristo Arns, 91, ex-arcebispo de São Paulo, dom Serafim Fernandes de Araújo, 88, ex-arcebispo emérito de Belo Horizonte, e dom José Freire Falcão, 87, ex-arcebispo de Brasília.

A lista de eleitores no conclave tem cardeais de cerca de sete dezenas de países diferentes. Os cardeais italianos são os de maior número. (Com agências internacionais)