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Campanha da Fraternidade 2013 tem mensagem do papa Bento 16 aos jovens brasileiros

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

13/02/2013 15h35Atualizada em 13/02/2013 17h27

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) lançou na tarde desta quarta-feira (13), em sua sede, em Brasília, a Campanha da Fraternidade 2013. A 50ª edição da campanha tem como tema “fraternidade e juventude” e o lema “Eis-me aqui, envia-me!”. O papa Bento 16 enviou uma mensagem para o início da campanha.

O tema “juventude” foi escolhido pela segunda vez pela CNBB para ser mote da campanha. A primeira vez foi em 1992.  O objetivo desta edição é mobilizar os jovens a discutir questões como violência, desemprego e os altos índices de gravidez na adolescência e de jovens fora das escolas e universidades.

ENTENDA O PROCESSO SUCESSÓRIO DO PAPA

Quando o chefe da Igreja Católica renuncia a sua função ou morre, seu sucessor é eleito pelos cardeais reunidos em conclave na Capela Sistina, onde ficam isolados do mundo exterior.

Cinco cardeais brasileiros deverão participar do conclave que se reunirá para eleger o sucessor do papa Bento 16. Segundo a última lista do Vaticano, há um total de 116 cardeais aptos a votar no conclave.

Para poder votar na escolha do papa, o cardeal precisa ter menos de 80 anos. O Brasil tem um total de nove integrantes no Colégio Cardinalício do Vaticano, mas quatro deles já ultrapassaram a idade limite.

Na mensagem papal, enviada no último dia 7 de fevereiro, o papa convida os jovens brasileiros “a buscarem mais no Evangelho de Jesus o sentido da vida”.

O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho; o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI); o deputado federal Nilmário Miranda (PT-MG) e o novo presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Marcus Vinicius Coelho, participam do evento, presidido pelo Secretário Geral da CNBB e bispo auxiliar de Brasília, dom Leonardo Steiner. 

Quando questionado sobre como o tema do uso de preservativos seria abordado na campanha voltada para os jovens, dom Leonardo Steiner desconversou. “Vai ser tratada na campanha a grandeza da sexualidade, a importância que a sexualidade tem na vida dos jovens, os outros elementos vêm depois. O recado vai ser, em primeiro lugar: amem e descubram a grandeza da própria sexualidade”. 

Em conversa com os jornalistas, antes do início do evento, o senador petista afirmou que não veio em nome do Palácio do Planalto, mas por ser católico e interessado nas políticas voltadas para os jovens. O mesmo argumento foi dado por Nilmário Miranda.

Para Wellington Dias, o silêncio da presidente Dilma Rousseff sobre a renúncia do papa, até o momento, não significa distanciamento dela ou do governo da Igreja Católica. “A presidente Dilma é uma pessoa que não só manifesta a sua fé como também tem todo respeito à Igreja Católica.”

Veja a íntegra da mensagem:

Queridos irmãos e irmãs,

Diante de nós se abre o caminho da Quaresma, permeado de oração, penitência e caridade, que nos prepara para vivenciar e participar mais profundamente na paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. No Brasil, esta preparação tem encontrado um válido apoio e estímulo na Campanha da Fraternidade, que este ano chega à sua quinquagésima realização e se reveste já das tonalidades espirituais da XXVII Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho próximo: daí o seu tema “Fraternidade e Juventude”, proposto pela Conferência Episcopal Nacional com a esperança de ver multiplicada nos jovens de hoje a mesma resposta que dera a Deus o profeta Isaías: “Eis-me aqui, envia-me!”(6,8).

De bom grado associo-me a esta iniciativa quaresmal da Igreja no Brasil, enviando a todos e cada um a minha cordial saudação no Senhor, a quem confio os esforços de quantos se empenham por ajudar os jovens a tornar-se – como lhes pedi em São Paulo – “protagonistas de uma sociedade mais justa e mais fraterna inspirada no Evangelho” (Discurso aos jovens brasileiros, 10/05/2007). É que os “sinais dos tempos”, na sociedade e na Igreja, surgem também através dos jovens; menosprezar estes sinais ou não os saber discernir é perder ocasiões de renovação. Se eles forem o presente, serão também o futuro. Queremos os jovens protagonistas integrados na comunidade que os acolhe, demonstrando a confiança que a Igreja deposita em cada um deles. Isto requer guias – padres, consagrados ou leigos – que permaneçam novos por dentro, mesmo que o não sejam de idade, mas capazes de fazer caminho sem impor rumos, de empatia solidária, de dar testemunho de salvação, que a fé e o seguimento de Jesus Cristo cada dia alimentam.

Por isso, convido os jovens brasileiros a buscarem sempre mais no Evangelho de Jesus o sentido da vida, a certeza de que é através da amizade com Cristo que experimentamos o que é belo e nos redime: “Agora que isto tocou os teus lábios, tua culpa está sendo tirada, teu pecado, perdoado” (Is 6,7). Desse encontro transformador, que desejo a cada jovem brasileiro, surge a plena disponibilidade de quem se deixa invadir por um Deus que salva: “Eis-me aqui, envia-me!’ aos meus coetâneos” - ajudando-lhes a descobrir a força e a beleza da fé no meio dos “desertos (espirituais) do mundo contemporâneo, em que se deve levar apenas o que é essencial: (…) o Evangelho e a fé da Igreja, dos quais os documentos do Concílio Vaticano II são uma expressão luminosa, assim como o é o Catecismo da Igreja Católica” (Homilia na abertura do Ano da Fé, 11/10/2012).

Que o Senhor conceda a todos a alegria de crer n’Ele, de crescer na sua amizade, de segui-Lo no caminho da vida e testemunhá-Lo em todas situações, para transmitir à geração seguinte a imensa riqueza e beleza da fé em Jesus Cristo. Com votos de uma Quaresma frutuosa na vida de cada brasileiro, especialmente das novas gerações, sob a proteção maternal de Nossa Senhora Aparecida, a todos concedo uma especial Bênção Apostólica

Vaticano, 7 de fevereiro de 2013

Benedictus PP. XVI