Topo

Frio do inverno pode afastar eleitores e ser decisivo nas eleições italianas

Pier Luigi Bersani, Beppe Grillo, Silvio Berlusconi e Mario Monti: quem vence? - Arte UOL/Reuters
Pier Luigi Bersani, Beppe Grillo, Silvio Berlusconi e Mario Monti: quem vence? Imagem: Arte UOL/Reuters

Do UOL, em São Paulo

24/02/2013 06h00Atualizada em 25/02/2013 09h30

O clima frio pode influenciar no resultado das eleições legislativas na Itália, que começam neste domingo (24) e vão até amanhã (25), para renovar o Parlamento, formado pela Câmara de Deputados (630) e pelo Senado (315), mais quatro senadores vitalícios, e vão decidir pelo novo primeiro-ministro do país. Pela primeira vez no período do pós-guerra, as eleições acontecem no inverno e existe temor quanto ao comparecimento às urnas. Na Itália, o voto não é obrigatório.

As pessoas mais velhas podem desistir de votar, o que, na opinião dos analistas, afetaria sobretudo Silvio Berlusconi. Jovens militantes do PD de Pier Luigi Bersani organizaram em algumas cidades um serviço para acompanhar as pessoas da terceira idade até os locais de votação.

Ao lado das legislativas, os eleitores de três regiões italianas, a rica e grande Lombardia, a estratégica Latium, que abriga a capital, e a pequena Molise, também escolherão seus governantes após os escândalos que provocaram as renúncias de seus dirigentes de direita. No total, mais de 47 milhões de italianos estão registrados para votar nas legislativas, 13 milhões deles também votarão nas regionais.

Atingida pela crise econômica e pelos escândalos de corrupção, a Itália é o mais endividado membro da Eurozona, apesar de ser a terceira maior economia da região, e as eleições são cruciais para definir a estabilidade política do país europeu.

Após o curto período de governo tecnocrata, a centro-esquerda do candidato Bersani é favorita, com 34% das intenções de voto, embora a volta da centro-direita de Berlusconi possa inclusive levar à ingovernabilidade do país, com quase 30%.

Nesse duelo se intromete o humorista convertido em político Beppe Grillo, do Movimento Cinco Estrelas (MCE), com 17%, e a coalizão de centro de Mario Monti,  com uma margem que varia de 10% a 12% das intenções de voto. O ex-comissário europeu foi eleito pelo chefe de Estado, Giorgio Napolitano, para guiar o país após a renúncia de Berlusconi em novembro de 2011, e decidiu passar à política para continuar sua ação reformadora.

Serão decisivas as regiões da Lombardia, norte da Itália, onde das 49 cadeiras, 27 irão para a coalizão vencedora e o resto para os demais partidos e na Sicília, onde são distribuídas 14 ao ganhador e 11 aos restantes.

Mas o clima eleitoral foi ofuscado na semana de Carnaval pela histórica renúncia do papa Bento 16.

Além disso, a Itália foi atingida nos últimos dias por uma série de casos de corrupção que afetaram os partidos políticos tradicionais e favoreceram a figura do chefe de Estado em fim de mandato, Mario Monti.

Ingovernabilidade

A preocupação dos partidos e da comunidade internacional sobre um risco de ingovernabilidade é provocada pelas particularidades da legislação eleitoral italiana.

A lei concede a maioria absoluta na Câmara dos Deputados à coalizão vencedora, mesmo que seja por apenas um voto, enquanto no Senado a maioria é concedida a cada uma das 20 regiões, o que torna impossível prever a composição final da Câmara Alta.

"Ainda há 10% de indecisos, devem definir os votos no último minuto em função da televisão ou do conselho de algum amigo, além de 20% que optam pela abstenção", disse Renato Mannheimer, analista de pesquisas.

Segundo vários cientistas políticos, caso conquiste a maioria no Senado, Bersani pode fechar uma aliança com Monti.

Monti disse que, com Bersani, "governaremos juntos, porém, como a capacidade de governo de Silvio Berlusconi já foi verificada, na minha opinião de forma negativa, a de Bersani ainda não foi comprovada". (Com agências internacionais)

Inverno