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Ataques deixam ao menos 15 mortos antes do início de eleições no Quênia

Mais de 14 milhões de quenianos vão às urnas para escolher seu presidente para os próximos cinco anos - Till Muellenmeister/AFP
Mais de 14 milhões de quenianos vão às urnas para escolher seu presidente para os próximos cinco anos Imagem: Till Muellenmeister/AFP

Do UOL, em São Paulo

04/03/2013 08h40

Ao menos 15 pessoas, entre elas seis policiais, morreram nesta segunda-feira (4) em ataques supostamente perpetrados por membros do grupo separatista radical Conselho Republicano de Mombaça (MRC, por sigla em inglês), pouco antes do início das eleições gerais no Quênia.

A imprensa local informou que os ataques aconteceram na madrugada de segunda-feira, no bairro de Changamwe, na cidade de Mombaça, no litoral sudeste do Quênia, e nas localidades vizinhas de Kilifi e Kwale.

O Conselho Republicano de Mombaça desejava o cancelamento da eleição nacional e a convocação de um referendo sobre a independência da região. Não houve, entretanto, reivindicação imediata de responsabilidade pelos ataques.

Mais de 14 milhões de quenianos vão às urnas nesta segunda para escolher o presidente e os membros da Assembleia Nacional e do Senado. Também serão escolhidos governadores e representantes locais, além de representantes das mulheres e dos grupos especiais.

Estas são as primeiras eleições desde a onda de violência pós-eleitoral que deixou mais de 1.300 mortos e 300 mil deslocados no final de 2007 e início de 2008.

Escolha do presidente

Oito candidatos disputam a Presidência do Quênia e não há, segundo pesquisas de intenção de voto, um nome que lidere.

Na relação de candidatos estão o atual vice-primeiro-ministro, Uhuru Kenyatta, de 51 anos, que é líder dos kikuyus, tribo dominante, e o atual primeiro-ministro, Raila Odinga, de 68 anos, que é chefe da tribo dos luos e filho de Oginga Odinga, histórico rival de Jomo Kenyatta (pai de Uhuru Kenyatta).

De acordo com especialistas, ambos têm responsabilidade na violência que se seguiu às eleições em 2007 e durou quatro meses. Kenyatta é denunciado no Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade, o que levou grupos da sociedade civil a apresentar uma petição para retirá-lo da disputa.

Odinga, que concorreu às eleições em 2007 e contestou a derrota, não foi indiciado pelo TPI, mas alguns de seus correligionários foram. A violência de 2007 terminou com a assinatura de um acordo, em 28 de fevereiro de 2008, que abriu caminho à formação de um governo de unidade nacional, no qual Kibaki manteve a Presidência e Odinga ficou como primeiro-ministro.

A Al Shabab, milícia extremista islâmica que domina parte da Somália e tem ligações com a Al Qaeda, também atua no Quênia. Paralelamente, há uma disputa étnica. A Organização Internacional para as Migrações informou que se prepara para dar assistência ao país, por meio da execução de uma estratégia setorial e de planos de contingência.

O Quênia é uma das principais economias africanas e um dos destinos turísticos mais procurados na região. Em janeiro de 2011, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou um empréstimo de 390 milhões de euros para fortalecer a economia do país. Cerca da metade da população, de 40 milhões de habitantes, vive com o equivalente a menos de US$ 1 por dia.

O atual presidente, Mwai Kibaki, pediu a seus compatriotas que votassem em paz para evitar distúrbios. Kibaki não concorre ao pleito por já ter dois mandatos, o máximo estipulado pela Constituição do país.

Observação internacional

Para evitar que se repitam os violentos incidentes de 2007 e 2008, as eleições gerais quenianas estarão vigiadas por aproximadamente 99 mil agentes de segurança.

Além das forças de segurança, o pleito também contará com a presença de várias missões de observação eleitoral, nacionais e internacionais, com a presença de mais de 26 mil observadores. Entre eles estão representantes de União Europeia, União Africana e do Centro Carter (EUA).

Os quenianos poderão comparecer a um dos mais de 30 mil colégios eleitorais distribuídos por todo o país entre as 6h e 17h locais.

De acordo com as autoridades locais, o resultado final de todos os pleitos será anunciado no próximo dia 11 de março. Já o resultado das eleições presidenciais, o primeiro a ser divulgado, pode ser anunciado antes do dia 6.

Com agências internacionais e informações da Agência Brasil