Ataques deixam ao menos 15 mortos antes do início de eleições no Quênia
Ao menos 15 pessoas, entre elas seis policiais, morreram nesta segunda-feira (4) em ataques supostamente perpetrados por membros do grupo separatista radical Conselho Republicano de Mombaça (MRC, por sigla em inglês), pouco antes do início das eleições gerais no Quênia.
A imprensa local informou que os ataques aconteceram na madrugada de segunda-feira, no bairro de Changamwe, na cidade de Mombaça, no litoral sudeste do Quênia, e nas localidades vizinhas de Kilifi e Kwale.
O Conselho Republicano de Mombaça desejava o cancelamento da eleição nacional e a convocação de um referendo sobre a independência da região. Não houve, entretanto, reivindicação imediata de responsabilidade pelos ataques.
Mais de 14 milhões de quenianos vão às urnas nesta segunda para escolher o presidente e os membros da Assembleia Nacional e do Senado. Também serão escolhidos governadores e representantes locais, além de representantes das mulheres e dos grupos especiais.
Estas são as primeiras eleições desde a onda de violência pós-eleitoral que deixou mais de 1.300 mortos e 300 mil deslocados no final de 2007 e início de 2008.
Escolha do presidente
Oito candidatos disputam a Presidência do Quênia e não há, segundo pesquisas de intenção de voto, um nome que lidere.
Na relação de candidatos estão o atual vice-primeiro-ministro, Uhuru Kenyatta, de 51 anos, que é líder dos kikuyus, tribo dominante, e o atual primeiro-ministro, Raila Odinga, de 68 anos, que é chefe da tribo dos luos e filho de Oginga Odinga, histórico rival de Jomo Kenyatta (pai de Uhuru Kenyatta).
De acordo com especialistas, ambos têm responsabilidade na violência que se seguiu às eleições em 2007 e durou quatro meses. Kenyatta é denunciado no Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade, o que levou grupos da sociedade civil a apresentar uma petição para retirá-lo da disputa.
Odinga, que concorreu às eleições em 2007 e contestou a derrota, não foi indiciado pelo TPI, mas alguns de seus correligionários foram. A violência de 2007 terminou com a assinatura de um acordo, em 28 de fevereiro de 2008, que abriu caminho à formação de um governo de unidade nacional, no qual Kibaki manteve a Presidência e Odinga ficou como primeiro-ministro.
A Al Shabab, milícia extremista islâmica que domina parte da Somália e tem ligações com a Al Qaeda, também atua no Quênia. Paralelamente, há uma disputa étnica. A Organização Internacional para as Migrações informou que se prepara para dar assistência ao país, por meio da execução de uma estratégia setorial e de planos de contingência.
O Quênia é uma das principais economias africanas e um dos destinos turísticos mais procurados na região. Em janeiro de 2011, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou um empréstimo de 390 milhões de euros para fortalecer a economia do país. Cerca da metade da população, de 40 milhões de habitantes, vive com o equivalente a menos de US$ 1 por dia.
O atual presidente, Mwai Kibaki, pediu a seus compatriotas que votassem em paz para evitar distúrbios. Kibaki não concorre ao pleito por já ter dois mandatos, o máximo estipulado pela Constituição do país.
Observação internacional
Para evitar que se repitam os violentos incidentes de 2007 e 2008, as eleições gerais quenianas estarão vigiadas por aproximadamente 99 mil agentes de segurança.
Além das forças de segurança, o pleito também contará com a presença de várias missões de observação eleitoral, nacionais e internacionais, com a presença de mais de 26 mil observadores. Entre eles estão representantes de União Europeia, União Africana e do Centro Carter (EUA).
Os quenianos poderão comparecer a um dos mais de 30 mil colégios eleitorais distribuídos por todo o país entre as 6h e 17h locais.
De acordo com as autoridades locais, o resultado final de todos os pleitos será anunciado no próximo dia 11 de março. Já o resultado das eleições presidenciais, o primeiro a ser divulgado, pode ser anunciado antes do dia 6.
Com agências internacionais e informações da Agência Brasil
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