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Coreia do Norte eleva tensão em resposta às sanções da ONU

Do UOL, em São Paulo

08/03/2013 09h57

A tensão na península coreana atingiu nesta sexta-feira (8) níveis extremamente altos após a Coreia do Norte responder às últimas sanções da ONU com o anúncio de que romperá o cessar-fogo assinado há seis décadas com o Sul em uma renovada ameaça de ataque nuclear. O governo da Coreia do Norte também anunciou que fechará a fronteira entre os dois países.

A Coreia do Norte "anulará na segunda-feira todos os acordos de não agressão feitos entre o Norte e o Sul" após a Guerra da Coreia (1950-1953), disse o regime de Kim Jong-un em um comunicado que eleva ainda mais o tom do discurso adotado ao longo desta semana.

Além de anunciar a iminente ruptura do cessar-fogo, a Coreia do Norte assegurou que possui mísseis de longo alcance com ogivas nucleares capazes de transformar em "um mar de fogo" Washington e outros centros nevrálgicos dos Estados Unidos e seus aliados.

O Ministério da Defesa da Coreia do Sul advertiu que o país vizinho provocará sua própria destruição se produzir um ataque nuclear preventivo, em uma resposta às últimas ameaças do regime de Kim Jong-un.

"Se a Coreia do Norte atacar a Coreia do Sul com uma arma nuclear, o regime de Kim Jong-un desaparecerá da Terra", expressou o porta-voz do Ministério, Kim Min-seok.

A agressiva campanha, que incluiu ameaças como cortar a linha de comunicação com o Sul e realizar ataques militares "sem piedade", alcançou seu ponto máximo um dia depois da ONU ampliar suas sanções contra Pyongyang.

Com aprovação unânime dos quinze membros do Conselho de Segurança e impulsionada pelos Estados Unidos e a China, a resolução endurece as sanções que já pesavam sobre as autoridades da Coreia do Norte por seu programa nuclear e estabelece novas restrições, especialmente de caráter financeiro.

A ação punitiva da ONU se deu em resposta a um teste nuclear realizado pelos norte-coreanos em fevereiro deste ano.

Preocupação em Seul

A resposta norte-coreana de abandonar o armistício de 1953, anúncio que causou preocupação em Seul ao não existir precedentes como este nas últimas seis décadas de rivalidade, deixa em dúvida se o militarizado país comunista pode chegar a tomar medidas reais nas próximas semanas.

Fontes do Exército da Coreia do Sul advertiram sobre a possibilidade de uma agressão norte-coreana ao longo dos 248 quilômetros da Zona Desmilitarizada que divide os dois países ou na fronteira marítima, onde Pyongyang já matou quatro sul-coreanos no bombardeio contra Yeonpyeong, em 2010.

A imprensa norte-coreana mostrou hoje o jovem líder Kim Jong-un enquanto inspecionava na quinta-feira as unidades militares responsáveis pelo ataque de artilharia à ilha sul-coreana e pedia que seus soldados ficassem prontos para a batalha.

Uma porta-voz do Ministério da Unificação sul-coreano disse que a Coreia do Norte "legalmente não pode revogar o armistício, já que o acordo requer a conformidade de ambas as partes para sua anulação".

A funcionária confirmou, no entanto, que o ministério encarregado das relações com o Norte "permanece em alerta máximo" em relação ao país vizinho, embora não se saiba suas reais intenções.

Estratégia de Pyongyang

Quanto aos motivos da elevada agressividade mostrada nestes dias por Pyongyang, a porta-voz e outros especialistas acreditam que poderia se tratar de uma estratégia para reforçar a coesão interna e conseguir um maior impacto no exterior como resposta às sanções da ONU.

Apesar da aparente gravidade da ameaça, analistas internacionais acham que o regime não tem tecnologia necessária para instalar ogivas nucleares em seus mísseis de meio e longo alcance.

O Ministério da Defesa de Seul assegurou hoje que "se a Coreia do Norte atacar o Sul com uma arma nuclear o regime de Kim Jong-un desaparecerá da terra" pela contundente resposta internacional.

Neste panorama, o poderoso Exército Popular da Coreia do Norte intensificou suas manobras na frente ocidental, com Seul e arredores sob a mira, e a próxima semana suas forças de terra, mar e ar poderiam realizar um exercício militar de grande escala, segundo fontes militares sul-coreanas.

Já a Coreia do Sul e os EUA estão realizando desde 1º de março até 30 de abril manobras militares conjuntas, que foram bastante condenadas por Pyongyang.

Os EUA mantêm 28.500 soldados na Coreia do Sul e defende seu aliado desde a Guerra da Coreia, que terminou com um armistício e não com um tratado de paz, o que significa que o conflito nunca terminou completamente.

China pede calma

Após o aumento da tensão na região da península coreana, o governo chinês pediu "calma e contenção" para as duas Coreias em um momento "altamente complexo e sensível".

"A paz e a estabilidade no nordeste da Ásia são o interesse comum da comunidade internacional, por isso a China pede as partes implicadas calma e contenção e que evitem atos que possam representar um aumento" do conflito, disse em entrevista coletiva a porta-voz chinesa das Relações Exteriores Hua Chunying.

"Também pedimos que mantenham o diálogo e as negociações para concordar com uma desnuclearização da península coreana sob o marco das conversas de seis lados", acrescentou Hua em alusão às conversas que Pequim recebeu entre 2003 e 2009, das quais participaram também Estados Unidos, as duas Coreias, Japão e Rússia. (Com agências de notícias)