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Cristina pediu a papa argentino intervenção na questão das Malvinas

O papa Francisco encontra a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, no Vaticano. O encontro com a compatriota foi o primeiro do sumo pontífice com chefes de Estado - Osservatore Romano/AFP
O papa Francisco encontra a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, no Vaticano. O encontro com a compatriota foi o primeiro do sumo pontífice com chefes de Estado Imagem: Osservatore Romano/AFP

Do UOL, em São Paulo

18/03/2013 12h25

Após um breve encontro com o papa Francisco, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse durante uma entrevista coletiva que pediu ao pontífice intervenção dele na questão das ilhas Malvinas.

"Pedimos que Francisco interceda para que o Reino Unido e a Argentina possam chegar a um acordo sobre a soberania das ilhas Malvinas", relatou ela, que lembrou que o papa João Paulo 2º também agiu como mediador entre o Chile e a Argentina em um conflito territorial, em 1978. 

Mas, diferentemente do conflito anterior, a Argentina e o Reino Unido vivem governos democráticos e a situação, segundo Cristina, favorece o diálogo.  "É imprescindível que todos os países cumpram as resoluções das Nações Unidas e nosso pedido ao papa vai nesta direção", afirmou ela.

O tema, como apontou Cristina, tem muito sentido "para os argentinos". As disputas diplomáticas entre Londres e Buenos Aires têm aumentado nos últimos meses, com o Reino Unido resistindo aos apelos de Cristina Kirchner de renegociar a soberania das ilhas, que ficam à 500 quilômetros do oeste da Argentina. 

Ao final da conversa, a presidente informou ter convidado o papa Francisco a visitar a Argentina e sugeriu que a visita possa ser feita após a Jornada Mundial da Juventude, que será realizada em julho, no Brasil.

Cristina afirmou ainda que o papa Francisco aparentou estar "sereno, seguro e em paz", mas "mostrou firmeza" no compromisso de fazer mudanças no Vaticano. "Já se viu em seus gestos e atitudes, e se verão em outras de suas decisões."  

A marca do novo papa, segundo ela, é a "simplicidade." A presidente, durante a coletiva, se referiu a Francisco como "nosso papa", mas, de acordo com ela, não apenas porque é argentino, e, sim, porque é de "todos os católicos." 

Cameron contesta

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse na última sexta-feira (15) discordar respeitosamente do papa Francisco que afirmou no ano passado que o Reino Unido "usurpou" as Ilhas Malvinas da Argentina.

A mídia argentina citou Jorge Bergoglio dizendo em uma missa no ano passado, para marcar o 30º aniversário da guerra sobre as ilhas entre Reino Unido e Argentina, que o território havia sido "usurpado". Em 2010, ele foi citado dizendo que era "nosso".

Quando perguntado se concordava com o ex-arcebispo de Buenos Aires sobre a questão, Cameron disse: "Eu não concordo com ele, respeitosamente", acrescentando que os moradores das ilhas do Atlântico Sul deixaram claro em um referendo realizado no início desta semana que queriam permanecer sob o domínio britânico.

"Houve um referendo muito extraordinariamente claro nas Ilhas Malvinas", afirmou Cameron em entrevista coletiva em Bruxelas, onde foi participar de uma cúpula da União Europeia.

"Isso é uma mensagem para todos no mundo que o povo destas ilhas escolheu muito claramente o futuro que eles querem. Essa escolha deve ser respeitada por todos."

"A fumaça branca sobre as Malvinas foi muito clara", disse Cameron, brincando com o sinal sobre a Capela Sistina que anuncia a eleição bem sucedida de um novo papa. (Com Reuters.)