Topo

Um mês antes do atentado de Boston, suspeito disse para amigo que sabia fabricar bomba

Do UOL, em São Paulo

02/05/2013 09h19

Cerca de um mês antes do atentado na Maratona de Boston, que matou três pessoas e deixou mais de 260 feridos em 15 de abril, um dos suspeitos, Dzhokhar Tsarnaev, 19, disse para o amigo Dias Kadyrbayev, 19, durante um almoço, que “sabia fabricar uma bomba”.

Personagens da tragédia

  • "Nada me preparou para esse dia", diz médica que atendeu feridos da Maratona de Boston

  • Americano testemunha atentado de Boston e explosão em fábrica de fertilizante no Texas

  • Dançarina que perdeu pé quer voltar a dançar

Segundo autoridades americanas, este fato pode incriminar ainda mais Dzhokhar que, em depoimento logo após ser preso, afirmou ter sido chamado pelo irmão mais velho, Tamerlan, 26, para executar o atentado apenas dias antes do ataque.

Kadyrbayev, um estudante da Universidade de Massachusetts Darthmouth nascido no Cazaquistão, foi preso na quarta-feira (1º), por jogar fora um laptop e uma mochila que pertenciam a  Dzhokhar.

Outras duas pessoas, o cazaque Azamat Tazhayakov, 19, e o americano Robel Phillipos, 19, também foram presas, acusadas de de conspiração por obstruir a Justiça e por terem dado declarações falsas.

Kadyrbayev também trocou uma série de mensagens de celular com Dzhokhar, logo após o atentado. O estudante mandou um torpedo para o amigo dizendo que ele se parecia com um suspeito mostrado pela televisão.

“Dzhokhar respondeu dizendo 'risos' e outras coisas como 'é melhor você não me mandar mensagens' e 'venha até meu quarto e pegue tudo aquilo que você quiser'”, revelou um agente do FBI.

A polícia ainda investiga se a mensagem teria sido um pedido de Dzhokhar para que os amigos destruíssem qualquer evidência do atentado.

Os dois cazaques tinham sido detidos anteriormente por autoridades da imigração norte-americana por suposta violação dos termos de seus vistos.

  • Veja suposta bomba que causou 2ª explosão

  • Testemunhas narram pânico e tumulto após bomba

  • Familiares e amigos lembram vítimas

De acordo com a polícia, o trio decidiu jogar a mochila e fogos de artifício no lixo "porque não queriam deixar Tsarnaev em apuros", declarou um agente do FBI em apoio as acusações.

As autoridades recuperaram a mochila de um aterro sanitário em New Bedford, com fogos de artifício, um pote de vaselina, entre outras coisas. Não se sabe ao certo o que aconteceu com o laptop.

Segundo a promotoria, Tazhayakov e Kadyrbayev podem pegar penas máximas de cinco anos de prisão e pagamento de multa. Phillipos pode ser sentenciado a oito anos de prisão e também ao pagamento de uma multa.

Kadyrbayev estudava engenharia, foi dispensado da universidade, mas permaneceu nos Estados Unidos. Uma audiência sobre o caso dele está marcada para 22 de maio.

Já Tazhayakov, habilitado em economia, tinha o visto expirado desde o dia 4 de janeiro, mas foi autorizado a reingressar nos Estados Unidos em 20 de janeiro, segundo divulgado pelo juiz durante a audiência da qual os dois estudantes participaram na manhã desta quarta-feira. Tazhayakov será ouvido novamente no próximo dia 9.

Robert Stahl, advogado de Kadyrbayev, disse que seu cliente nega as acusações e que ele não sabia que a mochila e os fogos faziam parte do atentado.

“Kadyrbayev está chocado com a violência em Boston, assim como toda comunidade”, afirmou o advogado.

Segundo Stahl, seu cliente também não reconheceu Dzhokhar logo após o atentado.

Harlan Protass, advogado de Tazhayakov, disse que seu cliente “achou horrível e ficou chocado por saber que um colega de faculdade estava envolvido no atentado de Boston”.

Atentados

No dia 15 de abril, duas bombas foram detonadas perto da linha de chegada da Maratona de Boston, provocando três mortes e deixando mais de 260 feridos.

Três dias depois, os irmãos Tamerlan Tsarnaev, 26, e Dzhokhar Tsarnaev, 19, de origem tchetchena, foram identificados como suspeitos do atentado a partir de imagens gravadas por câmeras de segurança. No dia 18, o mais velho foi morto pela polícia e, no dia seguinte, o mais novo foi preso

Dzhokhar está detido e se recupera em um hospital penitenciário federal. Ele foi acusado formalmente de crimes que poderão ser punidos com pena de morte. O corpo de Tamerlan ainda não foi reivindicado. “Ainda não fomos procurados pela família”, disse Terrel Harris, porta-voz do examinador médico chefe do Estado. (Com AP)