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Israel bombardeou Síria para prevenir movimentação de armas químicas, diz jornal

Do UOL, em São Paulo

04/05/2013 04h13

Autoridades norte-americanas confirmaram que Israel bombardeou nesta sexta-feira (3) a Síria para prevenir a movimentação de armas químicas, mas não especificaram o local do ataque, de acordo com o "Telegraph". Segundo a agência AFP, milhares de famílias fugiram de bairros sunitas de uma cidade litorânea, temendo um massacre.

Segundo o jornal, a embaixada de Israel nos EUA não comentou diretamente o ataque, mas disse que Israel está determinado a "prevenir a transferência de armas químicas ou outros arsenais poderosos do regime sírio a terroristas do Hizbollah".

O governo da Síria disse que não há evidência de ataque, ainda conforme a publicação.

No Líbano, uma fonte disse à AFP que o ataque tinha destruído mísseis terra-ar fornecidos recentemente pela Rússia, que estavam armazenados no aeroporto de Damasco.

Autoridades ouvidas pela emissora CNN disseram que os aviões de combate de Israel não entraram no espaço aéreo sírio.

 

Uma fonte ouvida pela agência Reuters disse que o premiê israelense Benjamin Netanyahu foi na noite de quinta-feira (2) a uma reunião secreta no gabinete de segurança do governo em Jerusalém.

Mortos

 

Pelo menos 62 corpos foram encontrados neste sábado em um bairro de Banias, no oeste sírio, invadido na véspera pelas forças do regime de Bashar al-Assad, afirmou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

 

"Dezenas de corpos de cidadãos mortos na sexta-feira durante o ataque do Exército e de membros alauitas do Exército de Defesa Nacional no bairro de Ras al-Nabaa em Banias, habitado por sunitas, foram encontrados neste sábado", afirmou esta organização. "Conseguimos identificar 62 corpos, incluindo os de 14 crianças, mas esse número pode aumentar porque dezenas de cidadãos ainda estão desaparecidos", acrescentou.

 
 
Na sexta, a agência oficial síria Sana havia anunciado que rebeldes tinham disparado dois foguetes contra o aeroporto da capital, atingindo um avião e um reservatório de querosene.
 
"As agências americanas e ocidentais de inteligência examinaram as informações confidenciais indicando que Israel provavelmente executou um ataque aéreo entre quinta e sexta-feira", enquanto aviões de combate desse país sobrevoavam o Líbano, informou a rede de televisão CNN, citando autoridades americanas.
 
De acordo com a NBC, "o principal alvo de Israel era uma carregamento de armas destinado ao Hezbollah, no Líbano", referindo-se ao movimento xiita libanês, inimigo de Israel.
 
Um alto funcionário americano indicou a essa rede de notícias que o ataque visava, provavelmente, sistemas de lançamento de armas químicas, mas outras autoridades consultadas pela CNN questionaram essa informação.
 
Recusando-se a confirmar o ataque, um membro do Ministério israelense da Defesa indicou à AFP que "Israel acompanha a situação na Síria e no Líbano, particularmente em relação à transferência de armas químicas e de armas especiais".
 
Israel reivindicou implicitamente a responsabilidade por uma operação aérea no final de janeiro contra instalações militares na Síria.
 
Um comunicado do Exército libanês indicou vários sobrevoos de caças-bombardeiros israelenses na noite de quinta para sexta-feira.
 
Segundo a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH),  houve um êxodo dos bairros sunitas no sul da cidade. "Eles começaram a fugir nesta manhã em direção a Tartous e Jablé", respectivamente ao sul e ao norte de Banias, informou em nota.
 
Ainda neste sábado (4), o presidente sírio, Bashar al-Assad, inaugurou neste sábado na Universidade de Damasco um marco em memória de estudantes mortos desde o início da revolta neste país, em março de 2011, segundo a agência Sana. Esta é sua segunda aparição pública em quatro dias.

Hizbollah e Israel se confrontaram em uma guerra de 34 dias em 2006. Israel já acusou o outro país de ter armas nucleares e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que a Síria será responsabilizada por eventuais usos de armas químicas na sua guerra civil e garantiu a proteção norte-americana a Israel contra o Irã. (Com agências internacionais)