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Lula: "Os partidos de esquerda estão velhos"

4.ago.2013 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprimenta o presidente boliviano, Evo Morales, em encontro em São Paulo - Heinrich Aikawa/Instituto Lula/Divulgação
4.ago.2013 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprimenta o presidente boliviano, Evo Morales, em encontro em São Paulo Imagem: Heinrich Aikawa/Instituto Lula/Divulgação

Juan Arias

No Rio de Janeiro

06/08/2013 00h01

Para o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, os partidos de esquerda "estão velhos". Foi o que disse diante dos mais de mil participantes do 19º encontro anual do Foro de São Paulo. Fundado por Lula e Fidel Castro, o foro reúne há quase duas décadas os principais líderes da esquerda latino-americana e caribenha.

Este ano, Lula abriu o Foro enquanto, do lado de fora, se reuniam manifestantes gritando contra ele e contra o Partido dos Trabalhadores (PT). Referindo-se aos líderes dos partidos da América Latina e do Caribe, Lula salientou que envelheceram e que exercem a política "à moda antiga". O ex-presidente se perguntou: "Onde está a juventude de nossos partidos?"

Foi igualmente crítico com os partidos de esquerda europeus, que, segundo ele, estão "encolhendo". Esses partidos da esquerda europeia estão em crise, disse Lula, porque "se parecem com a direita".

Lula criticou duramente os países ricos e fez um grande elogio ao falecido líder venezuelano Hugo Chávez. Chegou a afirmar que o Foro de São Paulo - que contou anos atrás inclusive com a presença de líderes das Farc - foi "o melhor criado na América Latina". Mais ainda. Segundo Lula, sem o Foro à esquerda "nunca teria chegado ao poder na América Latina".

O político não economizou críticas nem mesmo a seu próprio partido, o PT, que está há dez anos no poder. Em sua intervenção, alertou seus colegas para não caírem nos erros das outras formações de esquerda. "Só uma coisa salva um partido que chega ao poder: não perder o contato com o povo", afirmou, e se perguntou que mensagens o PT está oferecendo à sociedade e aos jovens que se manifestam nas ruas há várias semanas.

Depois de elogiar os movimentos de indignados do mundo, opinou que estes devem servir de lição para os integrantes do Foro de São Paulo. E com um desses malabarismos típicos de alguém que controla a política como Lula, depois de ter afirmado que os partidos de esquerda da América Latina e do Caribe envelheceram e que não se avistam novos líderes jovens no horizonte, disse-lhes que como "a esquerda está enfraquecida em todo o mundo", a esquerda latino-americana pode "servir de farol".

Em uma frase enigmática, Lula disse aos presentes: "O poder é uma coisa mágica (...) Existe a tendência de que quando se chega ao poder o povo, que antes parecia bonito e extraordinário, deixa de ser".

A presidente Dilma Rousseff, preocupada com os protestos de rua que dispararam fundamentalmente contra as deficiências dos serviços públicos e fizeram despencar sua popularidade, enviou uma mensagem ao Foro em que afirmou que tanto ela como o PT "estão escutando a voz da rua".