Topo

EUA condenam mortes de manifestantes e toque de recolher no Egito

Do UOL, em São Paulo

14/08/2013 14h25

O presidente dos EUA, Barack Obama, condenou a repressão violenta de manifestantes no Egito pela junta militar que governa o país árabe, e se opôs à declaração de estado de emergência decretada pelo Exército. após as mortes de centenas.

"Temos repetidamente pedido ao Exércio e forças de segurança egípcios que se contenham, e que o governo respeite os direitos de seus cidadãos, assim como pedimos aos manifestantes que protestem pacificamente", disse Obama nesta quarta-feira (14). O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse que são "deploráveis" os eventos no Cairo nesta quarta-feira (14), e pediu o fim do estado de emergência imposto no país "assim que possível".

Segundo o jornal israelense "Haaretz", o presidente dos EUA foi avisado da morte de pelo menos 95 egípcios por seus assessores, e está acompanhando a situação da ilha de Martha's Vineyard (Massachusetts), onde está de férias. A contagem de cadáveres nos confrontos ainda é incerta, oscilando entre 250 e 2.200. 

AÇÃO CONTRA ACAMPAMENTOS TEM ATÉ RETROESCAVADEIRAS

O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, afirmou que a ajuda bilionária dos EUA ao Egito está em análise por semanas, mas não disse se seria suspensa. Os EUA evitam chamar de golpe de Estado a ação do Exército que depôs o presidente eleito Mohamed Mursi em 3 de julho. O motivo é que, pela lei americana, os EUA devem suspender qualquer ajuda financeira a um país que tenha sofrido um golpe.

Earnest disse ainda que o governo americano "se opõe ao retorno do estado de emergência no Egito".

Reação internacional

A comunidade internacional condenou de forma unânime a operação das forças de segurança para dispersar os partidários de Mursi.

 

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon condenou a ação do Exército e criticou o uso de força pelas autoridades. "O secretário-geral apela a todos os egípcios que concentrem seus esforços na promoção genuína da paz, inclusive na reconciliação", afirmou o porta-voz Martin Nesirky.

O premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, cobrou uma atitude do Conselho da Segurança da ONU para pôr fim ao que chamou de "massacre".

A expressão "massacre da população" também foi empregada pelo ministério iraniano das Relações Exteriores, que evocou a possibilidade de uma guerra civil no Egito. 

O Qatar, principal apoio da Irmandade Muçulmana, denunciou com veemência a intervenção da polícia contra "manifestantes pacíficos".

A União Europeia convidou as partes envolvidas a exercer a máxima moderação nesta crise. "Apelo às forças de segurança para exercer máxima moderação e a todos os cidadãos egípcios para evitar mais provocações e uma escalada da da violência", declarou a chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton.

O chefe da diplomacia britânico, William Hague, também condenou o uso da força no Egito. "Peço às forças de segurança que atuem com moderação".

A França também advertiu contra o uso desproporcional da força e pediu calma, enquanto Berlim defendeu "a retomada imediata das negociações" para evitar "um derramamento de sangue". (Com AFP)