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Petrobras foi espionada por motivos comerciais, diz Dilma sobre denúncia

Guilherme Balza

Do UOL, em Brasília

09/09/2013 17h43Atualizada em 09/09/2013 18h18

Em nota oficial divulgada nesta segunda-feira (9), a presidente Dilma Rousseff reagiu às denúncias de que a Petrobras teria sido espionada pela NSA, a agência de segurança americana. Segundo ela, a principal motivação da suposta espionagem é de ordem comercial, e não de segurança, como vem alegando o governo americano sobre outras denúncias recentes.

"Agora, o alvo das tentativas, segundo a denúncia, é a Petrobras, maior empresa brasileira. Sem dúvida, a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país. Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro."

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A NSA espionou, além da própria presidente Dilma Rousseff, a Petrobras, o setor de infraestrutura do Google e a diplomacia francesa, segundo reportagem exibida neste domingo (8) no programa "Fantástico", da Rede Globo.

A reportagem foi produzida em parceria com o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, que obteve documentos ultrassecretos repassados por Edward Snowden, ex-agente da NSA, atualmente asilado na Rússia.

Na nota, a presidente não explica quais medidas deverão ser tomadas pelo governo brasileiro, mas critica os Estados Unidos. "Tais tentativas de violação e espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos, sendo manifestamente ilegítimas. De nossa parte, tomaremos todas as medidas para proteger o país, o governo e suas empresas."

Esta é a segunda reportagem exibida pelo jornal que foi feita em parceria com o Greenwald. A primeira, exibida há uma semana, mostra que os EUA espionaram a presidente Dilma Rousseff. Em entrevista ao UOLGreenwald afirmou que "o Brasil é o grande alvo" da espionagem norte-americana.

Na semana passada, durante o encontro do G20, Dilma se reuniu com o presidente dos EUA, Barack Obama, e, segundo ela, cobrou explicações detalhadas da suposta espionagem.

Mercadante comenta espionagem dos EUA

Os documentos revelados na reportagem deste domingo são de uma apresentação da NSA para novos agentes, realizada em junho de 2012. Nela, a agência explica como é feita a espionagem a determinadas empresas e órgãos.

A Petrobras aparece logo no início da apresentação, junto com a infraestrutura do Google, a diplomacia francesa e a rede da Swift, cooperativa que reúne alguns dos principais bancos de dezenas de países. Os nomes de outras instituições espionadas foram apagados na mesma apresentação da NSA.

A apresentação mostra ainda que foi criada uma pasta com o nome da Petrobras, em função da grande quantidade de informações que a NSA dispõe, o que indica que a estatal está sendo espionada há algum tempo. Os documentos não mostram o conteúdo que teria sido espionado.

A espionagem foi feita na rede privada de computadores da Petrobras, que contém informações sigilosas sobre a estatal, a maior empresa do país, com faturamento anual superior a R$ 281 bilhões.

Posição da Petrobras

A Petrobras reconheceu, por meio de uma nota divulgada na tarde desta segunda, que e-mails externos podem ter possibilitado a invasão dos espiões americanos. Ainda assim a Petrobras disse que dispõe de sistemas "altamente qualificados e permanentemente atualizados para a proteção".

"A companhia executa, de forma consistente, todos os procedimentos identificados e reconhecidos como melhores práticas de mercado na proteção de sua rede interna e de seus dados e informações", descreveu a nota, 

Leia abaixo a íntegra da nota oficial da presidente:

"Mais uma vez, vieram a público informações de que estamos sendo alvo de mais uma tentativa de violação de nossas comunicações e de nossos dados pela Agência Nacional de Segurança dos EUA. Inicialmente, as denúncias disseram respeito ao governo, às embaixadas e aos cidadãos – inclusive a essa Presidência. Agora, o alvo das tentativas, segundo as denúncias, é a Petrobras, maior empresa brasileira. Sem dúvida, a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país. Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro.

Assim, se confirmados os fatos veiculados pela imprensa, fica evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos.

Por isso, o governo brasileiro está empenhado em obter esclarecimentos do governo norte-americano sobre todas as violações eventualmente praticadas, bem como em exigir medidas concretas que afastem em definitivo a possibilidade de espionagem ofensiva aos direitos humanos, a nossa soberania e aos nossos interesses econômicos.

Tais tentativas de violação e espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos, sendo manifestamente ilegítimas. De nossa parte, tomaremos todas as medidas para proteger o país, o governo e suas empresas."