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Brasileira é detida em ação do Greenpeace na Rússia

Ana Paula Alminha Maciel, 31, e outros 29 ativistas do grupo protestavam contra a companhia russa Gazprom por causa da exploração de petróleo no Ártico - Greenpeace/Nick Cobbing
Ana Paula Alminha Maciel, 31, e outros 29 ativistas do grupo protestavam contra a companhia russa Gazprom por causa da exploração de petróleo no Ártico Imagem: Greenpeace/Nick Cobbing

21/09/2013 00h22

Um grupo de militantes do Greenpeace, incluindo a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, foi detido nesta sexta-feira pelas autoridades russas, que pretendem processar a equipe da ONG ambientalista por "pirataria".

Comandos armados de fuzis de assalto desceram de um helicóptero no navio do Greenpeace "Arctic Sunrise" e trancaram os 29 militantes, de diferentes nacionalidades. Segundo a ONG, a bordo estavam ativistas de Rússia, Finlândia, Holanda, Suíça e a bióloga Ana Paula Maciel, entre outros.

Nesta sexta pela manhã, a embarcação foi rebocada para o porto russo de Murmansk (norte), revelou o Greenpeace em sua conta no Twitter. O deslocamento levará pelo menos três dias.

O Greenpeace garante que o navio, de bandeira holandesa, estava em águas internacionais, na parte sudeste do Mar de Barents, no norte da Noruega e oeste da Rússia, às vezes chamado de Mar de Pechora.

Na quarta-feira, dois militantes do Greenpeace, o finlandês Sini Saarela e suíço Marco Polo, escalaram a plataforma russa "Prirazlomna¯a", o que provocou a reação das forças especiais, que deram tiros de alerta e furaram seus botes infláveis com facadas.

Os dois militantes foram detidos, mas soltos depois de passar algumas horas a bordo de um navio da Guarda Costeira, e puderam voltar para a equipe do "Arctic Sunrise".

As autoridades russas informaram que "o Comitê de Investigação recebeu da Guarda Costeira da FSB (o Serviço Federal de Segurança) elementos sobre o incidente do 18 de setembro, e a tentativa de abordagem na plataforma 'Prirazlomna¯a' por um grupo de indivíduos aparentemente ligados à organização ecológica Greenpeace".

"O serviço da Guarda Costeira da FSB considera que, nesse incidente, há indícios de crime de acordo com o artigo 227 do Código Penal", acrescentou a Comissão, referindo-se à pirataria, que é passível de 15 anos de prisão na Rússia.

Já um dirigente do Greenpeace na Rússia, Roman Dolgov, que está na embarcação, afirmou que os integrantes da organização correm o risco de ser acusados de "terrorismo e de investigações ilegais". Segundo ele, os ativistas foram trancados no refeitório, mas tinham autorização para sair para fumar, ou ir ao banheiro.

Em entrevista ao canal Rússia 24 sobre o episódio, o chefe da agência FSB da região de Murmansk, Mikha¯l Karpenko, mencionou apenas pesquisas científicas ilegais no Ártico. "Encontramos significativas quantidades de equipamentos eletrônicos (...) Há evidências de possível (....) pesquisa científica ilegal", declarou.

Na Rússia, esse crime pode implicar uma pena máxima de dois anos de serviços comunitários. Mikha¯l Kreindlin, um responsável do Greenpeace Rússia, declarou à AFP, porém, que a presença de equipamentos a bordo não prova que eles tenham sido utilizados "de maneira ilegal".

O Greenpeace enviou o "Arctic Sunrise" ao Ártico russo para protestar contra os projetos de exploração de campos de gás e de petróleo da gigante russa do setor, a Gazprom, nessa região. A Gazprom pretende lançar a produção na plataforma "Prirazlomna¯a" no primeiro trimestre de 2014.

Os ambientalistas denunciam o risco de poluição em uma zona muito próxima de reservas naturais protegidas pela lei russa e alegam que qualquer vazamento de óleo seria catastrófico e impossível de ser controlado.

Esse campo fica a 60 quilômetros da costa e teria reservas estimadas de 72 milhões de toneladas, de acordo com números da Gazprom. Este ano, a empresa anunciou que a produção começará antes do fim de 2013.

O governo da Rússia considera o desenvolvimento ártico uma prioridade estratégica. Abundante em recursos de hidrocarbonetos, essa imensa área ainda não foi explorada.