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'Não há vencedores', diz Obama após medida que pôs fim à paralisação do governo

Do UOL, em São Paulo

17/10/2013 12h18Atualizada em 17/10/2013 14h08

Um dia após ter assinado a medida que pôs fim à paralisação do governo americano e que elevou o teto da dívida pública do país, o presidente americano, Barack Obama, afirmou nesta quinta-feira (17) em Washington que "não há vencedores" entre democratas e republicanos após o episódio.

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  • Jason Reed/Reuters

    Entenda o que é o teto da dívida pública dos Estados Unidos e suas implicações

O braço de ferro entre os dois partidos por causa da Lei de Saúde defendida por Obama fez com que o Orçamento não fosse aprovado no Congresso e determinou a paralisação parcial do governo.

Paralelamente, por uma questão de horas, os Estados Unidos não entraram em "default", quando deixaria de ter condições de honrar parte de seus compromissos financeiros porque o Congresso não autorizava a elevação do limite de endividamento do governo.

Após acordo, finalmente, na noite de quarta (17), após ser aprovado na Câmara e no Senado, Obama assinou a medida que financia o governo federal até 15 de janeiro de 2014 e estende os "poderes extraordinários" do Tesouro para continuar tomando empréstimos e pagar os credores dos EUA até 7 de fevereiro do ano que vem, reabrindo as atividades federais.

"Muita gente está discutindo política por aí. Deixe-me ser claro, não há vencedores aqui. Todo analista acredita que [a paralisação do governo] freou nosso crescimento. Famílias ficaram sem pagamentos", declarou Obama nesta quinta-feira na Casa Branca.

Para o presidente americano o povo "está farto do governo". "Tivemos mais uma crise que começou aqui dentro. E para quê? Não existe explicação econômica para tudo isso", disse.

Com o intuito de acalmar os mercados, Obama elogiou o país e chamou os EUA de "alicerce da economia global".

"Somos o lugar mais seguro e confiável do mundo para investimentos. Merecemos isso há dois séculos porque mantemos nossa palavra e honramos nossas obrigações. Vocês podem contar com a gente", afirmou.

Obama também alfinetou seus opositores que, ao travarem a votação do Orçamento e da elevação do teto da dívida, queriam forçar o governo a desistir ou pelo menos mudar a Lei da Saúde ao reduzir recurso públicos para a reforma.

"Você não gosta de uma política de governo ou de um presidente em particular? Então discuta sua posição. Vá em frente e vença uma eleição. Force por uma mudança, não pela quebra do que já existe", afirmou.

Obama quer acordo sobre orçamento, reforma imigratória e lei para agricultor

Em seu pronunciamento, Obama apontou três medidas a serem aprovadas pelo Congresso e tomadas pelo governo que visariam colocar os EUA numa rota de crescimento para evitar nova ameaça de "default".

Obama insistiu que, apesar de desacordos entre republicanos e democratas, pontos de convergência podem ser encontrados.

"Não vamos de repente ter acordo em tudo. Podemos debater diferenças, apaixonadamente, de boa fé, isso é democracia. Mas vamos avançar em áreas que temos acordo ou que podemos ter acordo", disse.

O presidente também afirmou que o déficit do governo "está ficando menor, não maior."

Para Obama, o primeiro ponto sobre o qual os congressistas americanos devem encontrar um acordo é um "orçamento responsável". Para Obama, "republicanos e democratas devem estar compromissados em fazer isso [aprovar um orçamento]".

Falando sobre o orçamento, o presidente acrescentou que o desafio dos EUA agora "não é o déficit, mas sim garantir, em longo prazo, um sistema de seguro médico e social". Investimento em educação e infraestrutra também foram apontadas por Obama como "obrigações a serem garantidas para futuras gerações".

Uma reforma imigratória foi apontada por obama como o segundo ponto para assegurar o crescimento econômico dos EUA. O presidente pediu que uma nova lei de imigração seja aprovada até o fim do ano.

O terceiro ponto indicado por Obama foi uma lei do agricultor, com políticas para fazendeiros e comunidades rurais.  

Acordo é 'respiro'

O acordo fechado na quarta representa apenas um "respiro". A menos que o Ccongresso aprove um Orçamento até a data limite, o governo dos EUA pode voltar a ser fechado.

O Tesouro havia estimado que o país não teria como honrar alguns de seus compromissos fiscais após 17 de outubro –a dívida atual dos EUA é de US$ 16,7 trilhões--, colocando em risco o pagamento, por exemplo, de salários de funcionários do governo, aposentadorias, fornecedores e juros da dívida.

A aprovação na noite de quarta inclui o pagamento retroativo dos salários de milhares de funcionários públicos enviados para casa a partir de 1º de outubro, quando teve início a paralisação parcial do governo, que estão desde então sem receber.

Nesta quinta, após 16 dias, a Casa Branca determinou a volta ao trabalho de centenas de milhares de funcionários federais.

"Todos os funcionários que estavam em licença não remunerada devido à falta de verba podem agora voltar ao trabalho. Vocês devem reabrir escritórios de uma forma rápida e ordenada", afirmou a diretora de Orçamento da Casa Branca, Sylvia Mathews Burwell. (Com agências internacionais)