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Boneco de pelúcia é o novo 'inimigo terrorista' do governo egípcio

Abla Fahita, o "boneco terrorista" do Egito, durante o comercial que despertou a suspeita do governo - Reprodução
Abla Fahita, o 'boneco terrorista' do Egito, durante o comercial que despertou a suspeita do governo Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

03/01/2014 12h19

A campanha do governo egípcio contra grupos islâmicos levou a um novo inimigo do Estado: o boneco chamado Abla Fahita, figura frequente em programas televisivos no país. Segundo o jornal "Washington Post", as autoridades vão investigar se Fahita enviou mensagens em código para a recém-banida Irmandade Muçulmana na quarta-feira (1º).

“Eu sou um personagem cômico”, explicou o boneco – que representa uma viúva fofoqueira - durante entrevista para uma TV local. A suposta mensagem terrorista foi ao ar durante comercial da companhia de telecomunicações Vodafone. Na quinta-feira (2), executivos da empresa foram convocados a depor.

Na peça publicitária, Fahita aparece conversando ao telefone sobre como achar e reativar o cartão SIM do aparelho de seu finado marido. Ela diz que poderia usar um cão farejador em um shopping center para localizar o equipamento.

Um ativista que usa o pseudônimo Aranha Ahmed denunciou a propaganda para promotores encarregados de lidar com atividades terroristas. De acordo com ele, a peça pode indicar o local de um possível atentado terrorista.

A investigação deixa claro o clima de paranoia e medo que se intensificou no país nas últimas semanas. Desde o golpe de estado que depôs o presidente eleito Mohamed Mursi, em julho, o "governo dos generais" prendeu milhares de pessoas por supostos laços com a Irmandade Muçulmana.

“Por mais estúpido que pareça, é revelador”, afirmou  Ziad Akl, analista político do Centro Al Ahram.

“Diz muito sobre o frenesi patriótico pelo qual estamos passando. E é um sentimento de fascismo nacionalista e, caso você não o abrace, ele se volta contra você e te chama de traidor”, diz.