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Americano preso injustamente por 23 anos ganha US$ 6,4 mi de Nova York

Em imagem de arquivo datada de 21 de março do ano passado, David Ranta (à direita), ao lado do advogado Pierre Sussman, é declarado inocente pela Justiça de Nova York (EUA), após passar 23 anos preso acusado de um assassinato que não cometeu - Richard Drew/AP
Em imagem de arquivo datada de 21 de março do ano passado, David Ranta (à direita), ao lado do advogado Pierre Sussman, é declarado inocente pela Justiça de Nova York (EUA), após passar 23 anos preso acusado de um assassinato que não cometeu Imagem: Richard Drew/AP

Do UOL, em São Paulo

21/02/2014 16h19Atualizada em 21/02/2014 17h53

Um americano que ficou preso por 23 anos acusado de um assassinato que não cometeu, mas por um erro judicial, vai receber US$ 6,4 milhões de indenização da cidade de Nova York (EUA), após ser declarado inocente, em março do ano passado.

O acordo foi firmado antes mesmo de que uma ação judicial de direitos civis fosse proposta pedindo US$ 150 milhões, informa nesta quinta-feira (21) o jornal “The New York Times”, citando advogados da vítima.

David Ranta, 58, foi condenado injustamente pelo assassinato de um rabino na década de 90, durante um roubo, graças a um erro judicial induzido pelo trabalho investigativo falho do detetive Louis Scarcella, suspeito de ter inventado relatos e coagido testemunhas e informantes.

Ranta é o primeiro de uma série de pessoas que podem ter sido condenadas e presas injustamente com base em erros judiciais pelo trabalho de Scarcella e que, agora, começam a ser indenizadas pela Justiça de Nova York.

“Apesar de nenhum valor em dinheiro poder compensar os 23 anos que ele passou na prisão, este acordo lhe permite a estabilidade necessária para voltar a viver”, afirmou o advogado Pierre Sussman. Sussman adiantou ainda que vai buscar, agora, uma indenização do Estado.

Detetive orientou testemunha a mentir

O assassinato do rabino Chaskel Werzberger, em 1990, com um tiro na cabeça durante um assalto, comoveu a comunidade judaica de Williamsburg, no bairro do Brooklyn. Ranta foi preso em 1991 após provas testemunhais o indicarem como autor do crime.

Mas, anos depois --o jornal "The New York Times" não precisa o tempo-- uma das testemunhas do caso revelou que foi orientada à época pelo detetive do caso a acusar o homem “de nariz grande” --Ranta era o único suspeito que se encaixava nessa descrição.

Foi quando investigadores resolveram ir atrás de outras duas testemunhas, que também acabaram confessando que mentiram em juízo.

As descobertas somadas a afirmações de David Ranta de que o detetive Scarcella deu testemunho falso à Justiça de que teria colhido sua confissão --algo que nunca ficou comprovado-- fizeram com que Scarella fosse acusado de inventar confissões e coagir testemunhas e informantes.