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Após ameaça de Maduro, "CNN" diz que Venezuela revogou permissão de trabalho da emissora

Do UOL, em São Paulo

21/02/2014 18h16Atualizada em 21/02/2014 19h57

A rede de televisão americana "CNN" informou nesta sexta-feira (21) que o governo da Venezuela comunicou a sua correspondente em Caracas, Osmary Hernández, que a licença de trabalho "como correspondente credenciada" foi revogada, medida que também afeta a apresentadora Patricia Janiot e o editor Rafael Romo, todos funcionários da rede dos EUA. 

Em comunicado assinado pela "CNN Español", a rede explicou que a retirada da licença de trabalho também vale para uma produtora. Ainda em nota, o canal disse "esperamos que o governo reconsidere a decisão".

"O vice-ministro de Comunicações da Venezuela comunicou hoje a nossa correspondente, Osmary Hernández, que tinha sido revogada a permissão para trabalhar como correspondente credenciada".

Pelo Twitter, a jornalista em questão também falou sobre o assunto: 

"Confirmo que o Minci (Ministério da Comunicação) revogou as credenciais de toda a equipe de @CNNEE na Venezuela e de seus enviados especiais", que cobriam os protestos estudantis no país, explicou Hernández em sua conta no Twitter.

O sindicato dos jornalistas já tinha informado mais cedo da saída "inesperada" de Janiot. A "CNN" confirmou à AFP que a apresentadora já deixou o país.

"CNN" faz "propaganda de guerra" ao cobrir atos, diz governo

O governo venezuelano não se pronunciou sobre o assunto, mas a informação dada pela própria emissora chega um dia após o governo venezuelano ameaçar a "CNN", caso a rede mantenha o que chamou de "propaganda de guerra" na cobertura da onda de protestos pró e antigoverno no país.

"Pedi à ministra (das Comunicações) Delcy Rodríguez que notifique à "CNN" sobre o início do processo administrativo para tirá-los da Venezuela caso não mudem isto. Já basta de propaganda de guerra", advertiu Maduro nesta quinta-feira (20) em mensagem à Nação.

"Estava agora no meu gabinete vendo a "CNN". Durante as 24 horas do dia sua programação é de guerra. Eles querem mostrar ao mundo que na Venezuela há uma guerra civil, mas na Venezuela o povo está trabalhando", concluiu o presidente.

A despeito da acusação, a "CNN" informou que procura ouvir os dois lados em questão nos protestos pelo país. 

A jornalista Patricia Janiot disse ainda que inclusive "estava tentando uma entrevista com o presidente Maduro", de acordo com a emissora.

"Esperamos que o governo reconsidere sua decisão. Enquanto isso, continuaremos informando sobre a Venezuela da forma justa, acertada e balanceada que nos caracteriza como empresa jornalística", diz o texto

Mais veículos de comunicação sofreram sanções

Na semana passada, o governo venezuelano bloqueou o canal de notícias colombiano a cabo "NTN24", sob a acusação de tratar de gerar "frustração" entre a população, quando transmitia confrontos após uma passeata da oposição.

p> O "NTN24" pretendia "transmitir um fracassado golpe de Estado como o de 11 de abril (de 2002, contra o então presidente Hugo Chávez). Fora do ar NTN24!", disse Maduro na ocasião. (Com agências internacionais)