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Deposto, presidente da Ucrânia tenta fuga à Rússia, é barrado e se esconde

Do UOL, em São Paulo

22/02/2014 16h11Atualizada em 22/02/2014 16h11

O presidente deposto da Ucrânia, Viktor Yanukovich, destituído neste sábado (22) pelo Parlamento, tentou fugir para a Rússia, mas foi interceptado na fronteira e agora está em paradeiro desconhecido, afirmou o presidente da Câmara ucraniana, Aleksandr Turchínov. A informação foi dada pelo chefe do Legislativo depois que o canal de televisão "TSN" informou que Yanukovich estava viajando para a Rússia.

"[Yanukovich] tentou embarcar em um avião rumo à Federação da Rússia, mas foi interceptado pelos guardas de fronteira. Neste momento, está escondido em algum lugar da região de Donetsk", disse Turchínov em entrevista concedida na Câmara. A área onde o ex-presidente está escondido fica na parte oriental da Ucrânia, onde a maioria da população fala o idioma russo. A região é considerada o celeiro eleitoral do presidente deposto.

Yanukovich teria tentado fugir para a Rússia, seu principal aliado, após ter denunciado hoje que os eventos na Ucrânia, onde a oposição tomou o poder, são um golpe de Estado.

De acordo com Turchínov, outros cargos destituídos hoje pela Rada Suprema (legislativo), como o ex-procurador-geral Viktor Pshonka, também tentaram escapar da Ucrânia sem sucesso. A Rada Suprema destituiu hoje Yanukovich por "abandono de suas funções constitucionais" e convocou eleições presidenciais antecipadas para 25 de maio.

"Golpe de estado"

Yanukovich afirmou em uma emissora local que está sendo vítima de um golpe de Estado e que não vai renunciar. "Há um golpe de Estado no país", declarou. "Não tenho a intenção de apresentar minha demissão. Sou um presidente eleito legitimamente. Não tenho a intenção de sair do país", completou Yanukovytch, que também disse que as decisões do Parlamento são "ilegítimas".

O Parlamento votou neste sábado uma resolução para libertar "imediatamente" Iulia Timoshenko, líder da Revolução Laranja pró-Ocidente de 2004 e adversária derrotada por Yanukovytch nas eleições de 2010.

Pouco antes, o braço direito de Timoshenko, Olexander Turchinov, foi eleito presidente do Parlamento, onde substitui uma pessoa ligada a Yanukovytch, Volodymyr Rybak, que renunciou durante a manhã.

O Parlamentou também designou outro aliado de Timoshenko, Arsen Avakov, como ministro do Interior interino.

Hoje, a polícia ucraniana declarou estar "ao lado do povo" e compartilhar suas aspirações de "mudanças rápidas", em um comunicado publicado em nome de todos os agentes do ministério do Interior.

Ao mesmo tempo, diversas fontes afirmaram que Yanukovytch abandonou Kiev e estava na cidade de Jarkiv, na região leste pró-Rússia da Ucrânia, onde seu governo tem apoio político, ao contrário do que acontece no oeste do país.

Um congresso das regiões ucranianas pró-Moscou foi inaugurado justamente neste sábado em Jarkiv, na presença de deputados e governadores russos.

Quase 10.000 partidários de Yanukovytch - que não participa no congresso - se reuniram diante do local em que acontece o congresso para apoiar o governo.

Um dos líderes da oposição, Vitali Klitschko, anunciou aos deputados que Yanukovytch havia deixado Kiev e pediu ao Parlamento a "aprovação de uma resolução que exija que Yanukovytch apresente a renúncia".

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Mais cedo, jornalistas do Kanal 5 informaram que entraram sem dificuldades na residência de Yanukovytch, habitualmente muito vigiada, na periferia de Kiev.

Manifestantes estavam a apenas 50 metros da entrada da presidência no centro da capital, outro local habitualmente submetido a uma rígida vigilância.

Tudo acontece um dia depois da assinatura de um acordo entre o governo e a oposição para tentar acabar com a crise no país, que deixou dezenas de mortos nos últimos dias.

O acordo prevê importantes concessões de Yanukovytch, sob crescente pressão da comunidade internacional: eleições presidenciais antecipadas, a formação de um governo de unidade nacional e o retorno à Constituição de 2004, que dá mais poderes ao Parlamento e ao governo.

Um dia depois do acordo, quase 40 deputados do governista Partido das Regiões anunciaram a saída da formação. (Com agências internacionais)