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Venezuela indica ex-embaixador no Brasil para Washington

O então embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Arveláez (de terno escuro), na embaixada da Venezuela em Brasília, em foto de março de 2013 - Lula Marques/Folhapress
O então embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Arveláez (de terno escuro), na embaixada da Venezuela em Brasília, em foto de março de 2013 Imagem: Lula Marques/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

25/02/2014 17h43Atualizada em 25/02/2014 21h06

A Venezuela designou nesta terça-feira (25) um novo embaixador para os Estados Unidos. O presidente Nicolás Maduro escolheu Maximilian Arveláez, ex-embaixador venezuelano no Brasil, para assumir a função em Washington. Venezuela e os EUA não têm embaixadores entre eles desde 2008, e Maduro expulsou três diplomatas norte-americanos na semana passada, após acusá-los de recrutar estudantes para os protestos contra o governo.

O chanceler venezuelano, Elías Jaua, disse que a nomeação do novo embaixador é uma mensagem de Caracas ao presidente norte-americano, Barack Obama. “Mostra nossa maior disposição em estabelecer relações políticas e diplomáticas com o país", disse.

“Isso [designar o embaixador] representa a mais firme vontade de estabelecer relações diplomáticas de entendimento franco, sincero e honesto”, acrescentou.

Maximilian Arveláez foi embaixador da Venezuela no Brasil até o ano passado. Segundo Jaua, é “um homem com muita experiência na área diplomática e homem de confiança do presidente Nicolás Maduro".

Jaua, entretanto, voltou a  acusar os Estados Unidos de ingerência nos assuntos venezuelanos. “Essa ingerência é pública e notória”, disse. Mas ele reforçou que a Venezuela quer ter relações com os Estados Unidos. “Vamos para um processo de retificação, que os Estados Unidos retifique sua política de interferência".

As disputas entre os governos de ideologias opostas foram comuns durante a era do finado socialista Hugo Chávez, de 1999 a 2013, e continuam no mandato do seu sucessor, o presidente Nicolás Maduro, apesar de os EUA permanecerem como principal destino das exportações venezuelanas.

EUA expulsam diplomatas venezuelanos

Mais cedo, os Estados Unidos ordenaram a expulsão de três diplomatas venezuelanos do país em resposta a uma medida similar adotada pelas autoridades venezuelanas na semana passada, informou o Departamento de Estado americano.

O governo dos EUA deu aos três funcionários 48 horas para deixar o país. Os diplomatas foram identificados como Ignacio Luis Cajal Ávalos, Víctor Manuel Pisani Azpurua e Marcos José García Figueredo, que foram declarados "persona non grata". 

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"Essa convenção permite que os Estados Unidos declarem qualquer membro de uma missão diplomática persona non grata a qualquer hora e sem a necessidade de apresentar uma razão", disse o Departamento de Estado, citando a Convenção de Viena sobre relações diplomáticas.

A Venezuela acusa os norte-americanos de recrutar estudantes para liderar protestos em Caracas contra o presidente Nicolás Maduro. Os EUA consideraram as acusações como "falsas e sem fundamento".

Entrevista ao Opera Mundi

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Crise na Venezuela

A atual crise, na qual mais de 500 pessoas já foram presas e 150 ficaram feridas nas duas últimas semanas, provocou críticas do governo dos EUA e atraiu grande atenção. Celebridades como Madonna e Cher condenaram Maduro.

O ex-sindicalista, de 51 anos, que venceu uma eleição apertada para substituir Chávez no ano passado, disse que a mídia internacional está alinhada com os "imperialistas" para passar uma imagem de caos e repressão na Venezuela.

O ex-jogador de futebol argentino Diego Maradona apoiou Maduro quando assinava um contrato para ser comentarista da rede de TV Telesur na Copa do Mundo que ocorrerá no Brasil.

"Estamos vendo todas as mentiras que os imperialistas estão dizendo e inventando. Eu estou preparado para ser um soldado da Venezuela para o que for preciso", disse Maradona, amigo de Chávez e do líder revolucionário cubano Fidel Castro.

"Vida longa a Chávez, vida longa a Maduro, vida longa à Venezuela!", completou Maradona.

Protestos esporádicos continuavam nesta terça-feira, com estudantes bloqueando ruas nos distritos do leste de Caracas, onde o poder aquisitivo é maior.

Os estudantes querem a saída de Maduro por causa da criminalidade, da inflação e da falta de produtos básicos, como leite, farinha e açúcar. Eles também acusam o presidente de reprimir brutalmente os protestos.

"Não saio daqui até que ele vá embora", disse o estudante Pablo Jiménez, de 24 anos.

Líderes moderados da oposição têm pedido manifestações pacíficas e questionam a tática de montar barricadas na cidade. Muitos dos moradores de Caracas têm permanecido em casa. Boa parte das escolas está fechada, assim como parte do comércio.

Os protestos são o maior desafio que Maduro enfrenta nos seus dez meses no poder, mas não há sinais de que ele possa ser derrubado. (Com Agência Brasil e agências internacionais)