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Referendo na Crimeia violaria leis internacionais, diz Obama

06/03/2014 15h42

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta quinta-feira (6) que o referendo sobre a incorporação da Crimeia pela Rússia, como planejam as autoridades pró-russas dessa região, violaria o direito internacional.

“Um referendo na Crimeia violaria a Constituição da Ucrânia e violaria leis internacionais”, afirmou Obama em um pronunciamento na Casa Branca, reforçando que o governo instituído no país e sua soberania devem ser respeitados nas decisões sobre as futuras eleições do país.

"Qualquer discussão sobre o futuro da Ucrânia deve incluir o legítimo governo da Ucrânia", declarou o presidente. “Se essa violação continuar, os EUA e nossos aliados iremos seguir firmes.”

Em apenas quatro minutos de declarações, Obama disse também que já pediu ao Congresso norte-americano medidas para dar assistência ao governo ucraniano.

Mais cedo, o presidente já havia determinado que indivíduos envolvidos com a intervenção russa na Crimeia sejam proibidos de viajar aos EUA e tenham congelados seus bens em território norte-americano.

Obama assinou a ordem executiva com o objetivo de punir russos e ucranianos responsáveis pelo avanço das forças de Moscou na Crimeia, em uma crise que despertou o espectro das tensões da Guerra Fria.

Em nota, a Casa Branca disse que a ordem executiva é "uma ferramenta flexível que nos permitirá sancionar aqueles que estejam mais diretamente envolvidos na desestabilização da Ucrânia, incluindo a intervenção militar na Crimeia, e não exclui outros passos caso a situação se deteriore".

Restrição de vistos

O Departamento de Estado dos EUA cassou os vistos de várias autoridades e indivíduos responsáveis ou cúmplices de ameaçar a soberania e a integridade territorial da Ucrânia.

A ordem executiva foi anunciada enquanto o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, iniciava em Roma uma reunião com o chanceler russo, Sergei Lavrov.

Uma fonte graduada do Departamento de Estado disse que os EUA informaram de antemão aos europeus sobre as sanções.

Em um pronunciamento em Roma, no início da noite (horário local), Kerry disse que aqueles que já têm visto poderão ter canceladas suas autorizações de entrada e permanência nos EUA se for considerado que "ameaçam a integridade do povo e da Ucrânia".

Crimeia 

Sobre a situação específica na Crimeia, que é uma república autônoma dentro do país, Kerry disse que "a Crimeia é parte da Ucrânia, a Crimeia é a Ucrânia, e nós apoiamos a integridade do território da Ucrânia e a participação do governo". Assim como Obama, o secretário afirmou que "qualquer referendo deve ser consistente com as leis do país". "Não cabe aos EUA ou à Rússia decidir se a Crimeia faz parte da Ucrânia. (...) A Rússia tem interesses na região, mas eles têm que agir conforme a lei", respondeu o secretário em entrevista na Itália.

Os EUA tentam mobilizar a opinião pública global contra a ofensiva russa, desencadeada depois da derrubada de um governo pró-russo na Ucrânia, no mês passado.

O presidente russo, Vladimir Putin, diz que o objetivo da ação é proteger cidadãos de etnia russa na Crimeia, uma península no sul da Ucrânia, única região desse país onde os russos são maioria.

Os EUA querem que a tropa russa regresse a suas bases na Crimeia e que Moscou permita que monitores internacionais entrem na região para assegurar o respeito aos direitos dos cidadãos de etnia russa. (Com agências internacionais)