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Malásia apura se piloto derrubou avião ao cometer suicídio

Do UOL, em São Paulo

17/03/2014 19h23Atualizada em 14/04/2014 20h37

Mais de uma semana e várias hipóteses após o desaparecimento do voo MH 370, da Malaysia Airlines, com 239 pessoas a bordo, a polícia agora investiga se o piloto teria derrubado a aeronave numa tentativa de suicídio. A informação é do jornal local "The Star", que cita como fonte o ministro dos Transportes da Malásia, Datuk Seri Hishammuddin Hussein.

O avião desapareceu das telas de controle de tráfego aéreo civil na costa leste da Malásia menos de uma hora depois de decolar de Kuala Lumpur rumo a Pequim, no último dia 8.

Autoridades malaias acreditam que alguém a bordo desligou os sistemas de comunicação quando o avião atravessava o Golfo da Tailândia.

A polícia da Malásia está checando detalhadamente o histórico dos pilotos e do pessoal em terra para quaisquer pistas sobre um possível motivo para o que eles dizem agora que está sendo tratado como uma investigação criminal.

Quando lhe perguntaram se a hipótese de um piloto ou copiloto suicida está sendo considerada, o ministro interino dos Transportes da Malásia, Hishammuddin Hussein, confirmou que a hipótese está sendo apurada: "Estamos examinando isso. Mas é apenas uma das possibilidades sob investigação", acrescentou.

Questionado se Zaharie Ahmad Shah, de 53, comandante da aeronave, ou algum outro membro da tripulação, ou mesmo um dos passageiros, tinha problemas emocionais, Hussein não deu mais detalhes: "Não posso dizer isso neste momento", declarou, argumentando que o governo malaio não vai reter nenhuma informação nova sobre o caso, mas não sem antes confirmá-la.

Há dois dias, as investigações sobre o sumiço da aeronave se voltaram para o comandante de bordo, Zaharie Ahmad Shah, e seu "oficial piloto de avião" (OPL, copiloto), Fariq Abdul Hamid, de 27 anos.

O foco nos pilotos começou depois da descoberta de que as últimas palavras recebidas em terra foram pronunciadas pelo segundo comandante, no momento que coincide com o que os principais sistemas de comunicação da aeronave foram deliberadamente desligados.

À 1h19 de 8 de março (um sábado, 14h19 de sexta-feira no horário de Brasília), 38 minutos após a decolagem do Boeing 777 de Kuala Lumpur com destino a Pequim, o controle aéreo registrou a última comunicação oral a partir da cabine do piloto: "Tudo bem, boa noite".

Estas poucas palavras em inglês ("All right, good night"), pronunciadas de maneira descontraída segundo as autoridades malaias, foram uma resposta aos controladores de voo que anunciaram à tripulação que o avião se preparava para deixar o espaço aéreo malaio.

"As investigações preliminares sugerem que era o copiloto quem falava", afirmou nesta segunda-feira o CEO da Malaysia Airlines, Ahmad Jauhari Yahya, durante uma coletiva de imprensa.

A informação pode ser vital para estabelecer quem controlava a aeronave quando ela desapareceu dos radares civis, o que as autoridades da Malásia têm descrito como uma manobra "deliberada".

O sistema Acars (Aircraft Communication Addressing e Reporting System), que permite a troca de informações entre a aeronave em voo e o centro operacional de uma companhia aérea, emitiu um último sinal à 1h07. Ele deveria voltar a emitir meia hora depois, à 1h37.

A desativação deste sistema é necessariamente realizada por um piloto ou uma pessoa com conhecimentos na área, de acordo com especialistas.

O transponder, um outro dispositivo crucial, que envia informações sobre a posição da aeronave, foi deliberadamente desligado dois minutos após a mensagem atribuída ao copiloto. O avião desapareceu dos radares civis às 1h30.

Os dados coletados desde então permitem afirmar que o avião mudou de direção entre a Malásia e o Vietnã e continuou voando por quase sete horas.

Radares militares malaios detectaram um sinal na mesma madrugada, posteriormente identificado como vindo do voo MH370.

"Algo aconteceu com o piloto", afirmou em Washington o presidente do Comitê de Segurança Interna na Câmara dos Representantes, Michael McCaul, que disse contar com relatórios da "segurança interna, do serviço de contra-terrorismo e inteligência".

Especulação está 'matando a família', diz filha

A filha do comandante Zaharie Ahmad Shah reagiu hoje às especulações de responsabilidade do piloto no incidente. 

Segundo reportagem do jornal "The Star", Aishah Zaharie declarou a um site de notícias australiano que as últimas suposições divulgadas por autoridades que apuram o caso estão "matando a família".

"O que a mídia internacional escreveu sobre o capitão Zaharie não é verdade, é ridículo. Ele é um homem bom e um pai amoroso com os filhos", declarou a jovem.

Aishah deixou a Austrália, onde morava desde 2010, para ficar com a família, em Kuala Lumpur (Malásia).