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Presidente da Ucrânia diz que Putin "pode encerrar a luta" e quer encontro

Do UOL, em São Paulo

28/05/2014 14h12

O novo presidente da Ucrânia, o Petro Poroshenko, mais conhecido como Rei do Chocolate, repetiu nesta terça-feira (27) a promessa de restaurar rapidamente o controle das áreas sob domínio de separatistas pró-Rússia e afirmou que quer conversar com o presidente russo, Vladimir Putin. 

"Não tenho dúvida de que Putin pode encerrar a luta usando sua influência direta", disse Poroshenko ao jornal alemão Bild. "Eu definitivamente quero falar com Putin e manter conversas para estabilizar a situação." 

Moscou já demonstrou que está disposta a trabalhar com Poroshenko, mas não há planos para que o magnata, conhecido como Rei do Chocolate, faça um visita à capital russa para negociar.

"Estamos em um estado de guerra no leste. A Crimeia está ocupada pela Rússia e há grande instabilidade. Devemos reagir", disse Poroshenko na entrevista. "A operação antiterrorista finalmente começou. Não mais permitiremos que esses terroristas sequestrem e atirem nas pessoas, ocupem prédios e suspendam a lei. Vamos colocar um fim nesses horrores - uma guerra real está sendo travada contra nosso país".

Para Putin, que fez da defesa de russos em outras partes da ex-União Soviética um pilar de seu governo, a ofensiva virou um grande desafio.

Nesta quarta-feira (28), testemunhas e fotos divulgadas nas redes sociais revelaram que os necrotérios da autoproclamada República Popular de Donetsk, no leste da Ucrânia, estão lotados de corpos de separatistas e não podem mais receber os insurgentes russófonos mortos em combate.

Segundo os relatos, alguns dos corpos não tinham membros, um sinal do forte poder de fogo que foi usado contra os rebeldes pelo Exército ucraniano após a operação que retomou o controle do aeroporto de Donetsk e deixou mais de 40 mortos --os rebeldes falam em cem ou duzentos mortos. 

Os militares ucranianos reagiram com morteiros e granadas e recuperaram o controle do aeroporto, que passou por uma grande reforma em 2012 para a Eurocopa, com obras que custaram US$ 1 bilhão, e agora está destruído.

Desde então, as ruas da cidade, que tem quase um milhão de habitantes, ficaram vazias, com prédios comerciais e lojas fechados e protegidos por tábuas de madeira ou chapas de ferro, para evitar saques. A prefeitura informou que 14 escolas e dois hospitais na região do aeroporto, que está com as ruas bloqueadas, também permaneceram fechados.

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Caças militares sobrevoaram a região separatista, e rajadas de metralhadora foram ouvidas no centro da cidade e perto do prédio do Serviço de Segurança da Ucrânia, nas proximidades da sede da administração local, ocupada pelos milicianos há cerca de dois meses. 

Os militares ucranianos intimaram os "rebeldes" a deixarem a cidade "ou serão atingidos com precisão".

Após o banho de sangue no aeroporto de Donetsk, Putin, que já havia anunciado a retirada de dezenas de milhares de soldados da fronteira, agora pediu o fim da ofensiva ucraniana.

A Rússia também expressou disposição de enviar ajuda humanitária ao leste da Ucrânia e pediu autorização para as autoridades de Kiev para fornecer assistência. 

Um representante da Otan disse nesta quarta-feira que milhares de soldados russos haviam de fato recuado, embora outros milhares tenham permanecido no lugar. (Com agências internacionais)