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Voo MH17: perguntas sem respostas

Do UOL, em São Paulo

21/07/2014 09h53Atualizada em 22/07/2014 08h00

Em meio ao caos e às acusações mútuas, pouco se sabe de fato sobre a queda do voo MH17 da Malaysia Airlines.

O Boeing 777 foi derrubado por um míssil terra-ar, matando seus 298 ocupantes, em sua maioria holandeses, e aumentando drasticamente o peso do conflito regional que começou três meses atrás.

A seguir, algumas das perguntas sem respostas sobre o caso. (Com agências internacionais e CNN)

1. Quem derrubou o avião?

Apenas uma investigação ampla e independente pode determinar isso. Por enquanto, o que se sabe que o Boeing 777 foi derrubado por um míssil terra-ar em um território da Ucrânia que está sob controle de separatistas russos.

Imagens de satélite mostram uma coluna de fumaça deixada por um míssil terra-ar, e sensores infravermelhos gravaram o momento em que o avião explodiu.

Tanto o governo da Ucrânia quanto os EUA acusaram a Rússia -- que nega qualquer envolvimento e acusa a Ucrânia. Os separatistas também dizem que foi a própria Ucrânia quem derrubou o avião.

2. Por que alguém derrubaria um avião comercial?

Caso de fato estejam por trás do ataque, os separatistas russos podem ter confundido o avião da Malaysia Airlines com uma aeronave militar ucraniana. Nos últimos meses, eles usaram mísseis para derrubar uma dezena de aviões ucranianos

As aeronaves derrubadas pelos rebeldes, que usaram lança mísseis portáteis, voavam a baixa altitude, diferente do avião da Malaysia, que estava a 10 mil metros de altura. A lista inclui helicópteros militares, aviões de transporte do Exército e caças da força aérea.

3. Por que o avião sobrevoava uma zona de conflito?

Trajeto do voo MH17 - Arte/UOL - Arte/UOL
Voo ia de Amsterdã (Holanda) para Kuala Lumpur (Malásia)
Imagem: Arte/UOL

Em nota divulgada um dia após o acidente, a Malaysia Airlines disse que o plano de voo foi aprovado pelo Eurocontrol, órgão responsável por definir as rotas aéreas em território europeu.

A rota no espaço aéreo ucraniano em que o incidente ocorreu é comumente usada em voos da Europa para a Ásia. Em abril, a Organização Internacional de Aviação Civil identificou apenas a área sobre a península da Crimeia como arriscada.

O MH17 saiu de Amsterdã, na Holanda, com destino a Kuala Lumpur, na Malásia, e tinha como rota prevista o leste da Ucrânia, uma rota comum para voos internacionais. O espaço aéreo na região estava fechado apenas em uma altura inferior a 10 mil metros, e não totalmente. 

Horas após o acidente, empresas aéreas informaram que vão evitar o espaço aéreo ucraniano.  A francesa Air France, a alemã Lufthansa, a britânica British Airways, a holandesa KLM e a italiana Alitalia decidiram evitar o espaço aéreo do leste da Ucrânia.

Já as russas Transaero e Aeroflot, a turca Turkish Airlines, a americana Delta Airlines e a árabe Emirates Airline anunciaram que evitarão todo o espaço aéreo do país.

4. Quem irá investigar o acidente?

O Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução, que havia sido apresentada pela Austrália, pedindo uma investigação internacional do acidente. Segundo o texto, "todos os países e protagonistas na região", incluindo a Rússia, devem colaborar plenamente "com uma investigação internacional completa, minuciosa e independente".

A resolução pede ainda acesso total à área do acidente -- que vinha sendo controlado por forças separatistas. 

Paralelamente, a Holanda abriu uma investigação de crimes de guerra relacionados ao acidente.

5. Onde estão as caixas-pretas?

Depois de negar estar em posse das caixas-pretas, separatistas russos chegaram a um acordo com a Ucrânia e entregaram os equipamentos a uma equipe malaia que está em Donetsk.

6. Os corpos de todas as vítimas foram recuperados?

Os trabalhos de busca e resgate dos corpos das vítimas terminaram. Foram encontrados 282 corpos e 87 fragmentos que pertencem a 16 cadáveres das vítima.

A operação foi cercada de polêmicas. Os rebeldes haviam colocado a maior parte dos corpos em dois trens frigorífigos nas proximidades do local do acidente. Ao fazer isso, podem ter comprometido a integridade das evidências. 

7. O que será feito dos corpos?

Rebeldes se recusavam a entregar os corpos para as autoridades ucranianas, pois temiam que sejam usados como evidência de que derrubaram o avião.

Acordo feito com líderes separatistas prevê que os restos de 282 pessoas sejamm transportados de trem de Torez para Kharkiv. Lá, serão entregues a representantes da Holanda. Não está claro o que acontecerá com os demais corpos. 

Os restos mortais foram transportados a Amsterdã em um avião militar Hercules C130 da Holanda, com seis membros de uma equipe malaia.