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Força-tarefa internacional ajuda a identificar corpos do MH17 na Holanda

23.jul.2014 - Os dois aviões que transportam os primeiros restos mortais das vítimas do voo da Malaysia Airlines MH17 chegaram  no aeroporto de Eindhoven, no sul da Holanda - Robin Van Lonkhuijsen/ANP/AFP
23.jul.2014 - Os dois aviões que transportam os primeiros restos mortais das vítimas do voo da Malaysia Airlines MH17 chegaram no aeroporto de Eindhoven, no sul da Holanda Imagem: Robin Van Lonkhuijsen/ANP/AFP

Do UOL, em São Paulo

24/07/2014 16h27Atualizada em 24/07/2014 16h31

A identificação das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil no leste da Ucrânia, ficará a cargo de uma força-tarefa internacional. Dezenas de peritos forenses holandeses, além de especialistas estrangeiros chamados pela Interpol, farão o trabalho em Hilversum (Holanda).

Ao todo, rebeldes pró-Rússia que contralavam a área onde o avião caiu entregaram à Holanda 200 corpos e 87 partes. Os primeiros 40 corpos chegaram à Holanda, vindos da Ucrânia, na quarta-feira (23). Outros 74 corpos foram levados ao país nesta quinta-feira (24). 

Segundo a Malaysia Airlines, a bordo do voo MH17 estavam 192 holandeses (um deles também tinha nacionalidade americana), 44 malaios (incluídos os 15 membros da tripulação e os dois bebês), 27 australianos, 12 indonésios (entre eles um bebê), dez britânicos (um deles com dupla nacionalidade sul-africana), quatro alemães, quatro belgas, três filipinos, um canadense e um neozelandês.  

Quando há vítimas de múltiplas nacionalidades, como neste caso, é necessário seguir um protocolo internacional chamado DVI (sigla em inglês para Identificação de Vítimas de Desastres), segundo a Interpol. Esse protocolo foi usado, por exemplo, no desastre aéreo da Air France em 2009 e no tsunami na Ásia em 2004.

A ajuda da Interpol foi dividida em duas fases, com equipes formadas por profissionais de vários países. Na primeira, uma equipe de resposta imediata foi enviada à Ucrânia para avaliação das vítimas, que contou com a participação do brasileiro Carlos Eduardo Palhares Machado, perito da Polícia Federal. Na segunda fase, participam as equipes específicas de identificação das áreas de odontologia, análise de DNA, papiloscopia, medicina legal e antropologia.

Amostras de DNA

A identificação é feita principalmente por meio do DNA das vítimas. Amostras são coletadas a partir de tecido muscular profundo dos corpos. Para a comparação, é preciso material genético de familiares, em geral requisitado pela força-tarefa aos países de origem das vítimas. 

“Estamos em contato com os outros países para somar esforços na identificação dos corpos”, disse à rede CNN Jos Van Roo, membro do LTFO (sigla em holandês para Equipe Nacional de Investigação Forense).

Van Roo explicou ainda que familiares já estão sendo entrevistados para cederam material genético, registros dentários e impressões digitais de seus parentes mortos.

Na maioria dos casos, mesmo com a decomposição dos corpos, é possível obter amostras válidas de DNA. A maior dificuldade das equipes forenses, no entanto, é outra: como muitas famílias viajavam juntas no MH17, fica mais difícil obter amostras de comparação entre parentes próximos (como pais e filhos).

Nesse caso, parentes distantes ainda vivos, como avós e tios, precisam ceder o DNA comparativo. Ou ainda, o DNA comparativo pode ser colhido de objetos pessoais das vítimas, como escovas de dentes e de cabelo.

Devido ao grande número de vítimas, o processo forense de identificação pode levar meses, mas os peritos estão unidos em torno de um único objetivo. “Nós temos uma grande vontade de devolver esses corpos às famílias”, frisa Van Roo. (Com CNN e agências)