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Conflitos na Ucrânia deixam 230 mil desalojados, afirma ONU

14.ju.2014 - Soldado pró-Rússia diz adeus aos seus familiares que partem como refugiados da cidade de Donetsk, no leste da Ucrânia, para a Rússia - Dmitry Lovetsky/ AP
14.ju.2014 - Soldado pró-Rússia diz adeus aos seus familiares que partem como refugiados da cidade de Donetsk, no leste da Ucrânia, para a Rússia Imagem: Dmitry Lovetsky/ AP

Do UOL, em São Paulo

25/07/2014 11h09Atualizada em 25/07/2014 11h09

Cerca de 230 mil pessoas deixaram suas casas na Ucrânia por causa dos conflitos no leste do país, de acordo com dados do Acnur (Alto Comissariado da ONU para os Refugiados) divulgados nesta sexta-feira (25). Ao todo, 100 mil estão deslocadas no país, enquanto outras 130 mil pessoas fugiram para a Rússia.

"O número de pessoas deslocadas originárias de Donetsk e Lugansk aumentou fortemente desde junho", explicou, em Genebra, na Suíça, um porta-voz da entidade, Adrian Edwards.

A Ucrânia encontra-se em clima de tensão por causa de uma divisão política e ideológica no país. Egressa da União Soviética, a nação tem uma porção pró-Rússia e outro grupo a favor de uma aproximação da União Europeia.

A relação entre os dois lados tornou-se mais conturbado em novembro de 2013, quando o presidente Viktor Yanukovich se recusou a assinar um acordo de aproximação com o bloco continental, em um tratado que vinha sendo alinhavado havia três anos, e se aproximou dos russos.

A decisão gerou uma série de protestos, que, em 22 de fevereiro, causaram a destituição de Yankukovich. Novas eleições foram marcadas para 25 de maio e o opositor Oleksander Turchynov, presidente do Parlamento, assumiu provisoriamente o comando do país. Ele estabeleceu como prioridade a conversa com a União Europeia, e o grupo pró-Rússia viu em todo o movimento um golpe de Estado.

Valas

As autoridades ucranianas afirmaram, também nesta sexta, ter encontrado a primeira fossa comum de Slaviansk, antigo reduto dos separatistas pró-russos, que pode conter 20 corpos, entre eles ao menos quatro de civis.

"Sabemos que existem outras fossas como esta na cidade, mas não sabemos onde e esta é a primeira que abrimos", explicou o conselheiro do ministro do Interior ucraniano, Anton Gerachtchenko. "Sabemos que aqui foram enterrados, em uma fossa comum, quatro fieis protestantes inocentes que foram torturados pelos rebeldes."

As cidades afetadas pelo movimento separatista na Ucrânia - Arte/UOL - Arte/UOL
As cidades afetadas pelo movimento separatista na Ucrânia
Imagem: Arte/UOL

"No dia 8 de junho, foram sequestrados quando saíam do culto de domingo. Os rebeldes os capturaram e desde então ninguém teve notícias deles. Segundo nossas informações, morreram na noite seguinte", afirmou Gerachtchenko.

As autoridades de Kiev, que investigam o desaparecimento de habitantes desde que retomaram o controle da cidade, há algumas semanas, afirmam que a fossa pode conter alguns corpos de combatentes separatistas. Os quatro corpos extraídos da fossa na quinta-feira serão submetidos a testes de DNA.

Segundo um relatório do Acnur, com data de meados de julho, dezenas de pessoas desapareceram ou foram torturadas em cidades sob controle dos rebeldes.

Perdas

Em razão dos confrontos, a Ucrânia pode perder entre 500 mil e 550 mil toneladas de grãos - de uma safra que era projetada em 60 milhões. "Essa é a perda potencial devido à campanha antiterrorista", disse o ministro ucraniano da Agricultura, Ihor Shvaika.

Shvaika acredita que as hostilidades forçaram produtores e comerciantes a mudar a maneira como os grãos são exportados. A Ucrânia colheu um total de 20,5 milhões de toneladas até o último dia 24 de julho. O volume inclui 14,2 milhões de toneladas de trigo e 5,9 milhões de toneladas de cevada.

Na última temporada, entre 2013 e 2014, a Ucrânia exportou 32,3 milhões de toneladas de cereais, incluindo 20,3 milhões de toneladas de milho, 9,2 milhões de trigo e 2,4 milhões de toneladas de cevada. (Com agências internacionais)