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Israel e Hamas aceitam trégua humanitária de 12 horas

Do UOL, em São Paulo

25/07/2014 16h50Atualizada em 26/07/2014 06h33

O governo de Israel e o grupo Hamas aceitaram nesta sexta-feira (25) realizar uma trégua humanitária de 12 horas, segundo informações de agências internacionais. A trégua começou às 8h no horário israelense (2h no horário de Brasília) deste sábado (26).

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, já havia afirmado mais cedo, em entrevista coletiva no Cairo (Egito), que Israel havia concordado em fazer a trégua curta, porém prorrogável, em sua ofensiva militar na faixa de Gaza.

A agência "Reuters" confirmou que o Hamas também vai aderir ao acordo. O porta-voz Sami Abu Zuhri afirmou que o Hamas, em conjunto com todos os grupos militantes na Faixa de Gaza, concordou com o cessar-fogo temporário que, segundo ele, foi mediado pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Kerry, junto com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também pediu uma trégua humanitária de sete dias coincidindo com a festividade do "Eid ul-Fitr", que marca o fim do Ramadã. Porém, essa negociação com Israel ainda está em curso.

No entanto, logo em seguida, o Ministério da Defesa israelense emitiu comunicado pedindo às tropas que "se preparem para a possibilidade de que o Exército ordene uma expansão da operação em Gaza muito em breve".

Cessar-fogo de sete dias

Kerry admitiu que não se chegou a um acordo em torno de sua proposta de um cessar-fogo "humanitário" de uma semana --para a partir dele criar um “cessar-fogo mais durável e sustentável”. Com essa proposta, os dois lados começariam a negociar, com a ajuda de mediadores internacionais, questões econômicas, políticas e de segurança para uma trégua duradoura.

Os Estados Unidos, a ONU e a União Europeia dariam garantias de que temas essenciais aos dois lados seriam colocados sobre a mesa. Do ponto de vista do Hamas, isso incluiria a queda do bloqueio à Faixa de Gaza e a reconstrução da região, e de Israel, o fim do lançamento de foguetes sobre o país e a destruição dos túneis.

Agências tinham informado anteriormente que Israel havia rejeitado essa proposta, mas Kerry desmentiu a informação. Segundo o secretário, embora Israel tivesse manifestado desacordo sobre trechos da proposta, o texto final não havia sido ainda submetido oficialmente ao gabinete de segurança israelense para aprovação.

Kerry apontou o ministro israelense Yuval Steinitz (Assuntos de Estratégia e Inteligência) por disseminar a informação falsa, atribuindo-a disputas políticas internas. Porém, jornalistas de diversos meios internacionais informaram ter recebido a informação da rejeição da proposta de quatro ministros diferentes --que afirmaram que a rejeição pelo gabinete de segurança havia sido unânime.

"É justo dizer que Israel tinha oposição a alguns conceitos, mas isso não quer dizer a proposta [que a proposta tenha sido rejeitada]", afirmou Kerry em uma entrevista coletiva.

“Ainda temos algumas terminologias no contexto da estrutura de trabalho para acertar, mas estamos confiantes de que ela finalmente vai funcionar”, disse Kerry. “A realidade diária das pessoas em Gaza e na Cisjordânia, com perdas, lágrimas e luto, precisa terminar."

Não houve uma resposta do Hamas ao plano, mas o grupo radical já havia sinalizado que se oporia à proposta, que considerou muito favorável a Israel.

Em entrevista à BBC, o líder do Hamas, Khaled Meshaal, condicionou a trégua a uma garantia genuína do fim do cerco de oito anos a Gaza.

O chefe da diplomacia americana se reunirá neste sábado (26) em Paris com responsáveis europeus e com os ministros das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, e do Catar, Khaled bin Mohammed al Attiyah, principais fiadores do Hamas, para concretizar esta trégua.

Esta nova iniciativa acontece após uma intensa jornada de reuniões no Cairo e depois do fracasso da proposta de cessar-fogo definitivo apresentada pelo Egito na semana passada.

A ofensiva israelense na faixa de Gaza entrou nesta sexta em seu 18º dia, com um saldo de mais de 800 palestinos mortos, a maioria civis. Do lado israelense, o conflito deixou 36 mortos, a maioria soldados.  (Com agências internacionais)