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Israel e Hamas aceitam 72 horas de cessar-fogo humanitário em Gaza

Do UOL, em São Paulo

31/07/2014 17h12Atualizada em 01/08/2014 02h43

A ONU (Organização das Nações Unidas) e o governo dos Estados Unidos anunciaram um acordo com Israel e o grupo Hamas para uma trégua humanitária na faixa de Gaza de 72 horas que terá início nesta sexta-feira (1º). O cessar-fogo de 72 horas começou às 8h do horário local (2h do horário de Brasília).

Mapa Israel, Cisjordânia e Gaza - Arte/UOL - Arte/UOL
Mapa mostra localização de Israel, Cisjordânia e Gaza
Imagem: Arte/UOL
Em um anúncio conjunto, EUA e ONU asseguraram que "ambas as partes do conflito" concordaram com o cessar-fogo incondicional durante o qual devem negociar uma trégua mais durável.

O anúncio foi feito por Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, e John Kerry, secretário de Estado norte-americano, em Nova Déli, Índia. Kerry destacou que o cessar-fogo de 72 horas será uma “trégua de oportunidade”, imperativa para que ambos os lados “achem um denominador comum”. “Não é hora de parabenizações nem de alegria, mas de foco. É uma oportunidade para que todos busquem uma solução.” 

À “Reuters”, Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas, disse foi informado do pedido da ONU e que “em consideração à situação do povo palestino”, o grupo concorda com a trégua humanitária de 72 horas, “desde que a outra parte aja de acordo com ela”. “Todas as facções palestinas estão unidas em torno dessa questão”, disse.

Em 24 dias de ofensiva, os mortos já são contabilizados em mais de 1.428, segundo o Ministério da Saúde em Gaza, entre eles pelo menos 251 crianças, e os feridos chegam a 8.000. Do lado israelense, são 59 mortos, dos quais três são civis.

Termos do acordo

“Durante o período as forças em terra permanecerão onde estão. Instamos ambas as partes a agir com moderação até que o cessar-fogo comece e que para que respeitem plenamente o compromisso durante o cessar-fogo. Este cessar-fogo é fundamental para dar a civis inocentes o alívio necessário da violência", diz o comunicado da ONU.

Os civis em Gaza, prossegue o comunicado, "vão receber ajuda humanitária urgente e terão a oportunidade de realizar atividades vitais, como enterrar os mortos e cuidar dos feridos, além de buscar alimento".

As delegações israelense e palestina devem ir imediatamente ao Cairo, no Egito, para que possam negociar um cessar-fogo durável e “o mais breve possível”, frisaram ONU e EUA.

Críticas

Mais cedo, a Casa Branca havia considerado o bombardeio a uma escola da ONU "totalmente inaceitável e totalmente indefensável" e pediu que Israel que Israel agisse para impedir a morte de civis. Na quarta-feira (30), as Nações Unidas já haviam condenado o ataque, ao qual chamaram de "vergonha universal"

Ontem, Gaza viveu seu dia mais sangrento, com 119 mortos e 500 feridos em ataques e bombardeios --um deles em uma escola mantida pela ONU.

A chefe para Assuntos Humanitários da ONU, Valerie Amos, afirmou em videoconferência com o Conselho de Segurança que mais de 80% dos mortos na ofensiva israelense na faixa de Gaza são civis e que o mundo está assistindo "horrorizado ao desespero de crianças e civis sob ataque".

Funcionário da ONU chora ao falar sobre palestinos em Gaza

Negociações de cessar-fogo "empacadas"

O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou em pronunciamento na TV que completará a missão de destruir os túneis construídos pelo grupo islâmico radical Hamas na faixa de Gaza "com ou sem um cessar-fogo". As negociações para uma trégua definitiva, mediadas pelo Egito, estão "empacadas".

"Estamos determinados a completar esta missão com ou sem um cessar-fogo. Não concordarei com nenhuma proposta que não permita que o Exército israelense complete essa importante tarefa em nome da segurança de Israel", afirmou Netanyahu antes de uma reunião com seu gabinete de segurança. 

Do outro lado, o Hamas já afirmou reiteradas vezes que vai rejeitar qualquer acordo de cessar-fogo que "não inclua o fim da campanha militar de Israel e a retirada do bloqueio à faixa de Gaza".