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Ofensiva israelense em Gaza deixa 408 crianças mortas, diz Unicef

Do UOL, em São Paulo

05/08/2014 12h58Atualizada em 05/08/2014 12h58

Os bombardeios do Exército de Israel em Gaza deixaram 408 crianças mortas e 2.500 feridas, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que calcula em 370 mil o número de menores que necessitam urgentemente de ajuda psicológica.

"O número de crianças assassinadas durante a operação militar superou o de crianças mortas durante a operação Chumbo Fundido", a última ofensiva israelense em Gaza, entre 2008 e 2009, na qual 350 menores morreram, afirmou Pernille Ironside, chefe do Unicef em Gaza.

"A ofensiva teve um impacto catastrófico e trágico nas crianças. Se levarmos em conta o que esses números representam para a população de Gaza, é como se tivessem morrido 200 mil crianças nos Estados Unidos",

Mapa Israel, Cisjordânia e Gaza - Arte/UOL - Arte/UOL
Mapa mostra localização de Israel, Cisjordânia e Gaza
Imagem: Arte/UOL

Ironside ressaltou que não há eletricidade e que os sistemas de água potável e saneamento não funcionam, por isso o perigo de doenças transmissíveis e de diarreia -- que pode ser fatal em menores de cinco anos -- é iminente.

"É preciso se levar em conta o tamanho da faixa de Gaza, são 45 km de comprimento por entre 6 km e 14 km de largura. Não há uma só família que não tenha sido diretamente afetada por alguma perda", disse.

"A destruição é total. Usaram armamentos horríveis que provocam terríveis amputações. E isso se passou na frente dos olhos das crianças, que viram morrer seus amigos e seus pais", afirmou a funcionária.

Por isso o Unicef calcula que 370 mil crianças necessitarão ajuda psicológica para superar o trauma.

"Levemos em conta que uma criança que tem sete anos já passou por três ofensivas, a de 2008-2009, a de 2012 e a de agora. Imaginem o impacto que isso pode ter tanto nas crianças menores como nas quais já entendem o que isso significa", afirmou.

Os bombardeios israelenses afetaram 142 escolas em Gaza, incluídas 89 da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), enumerou Ironside, que lembrou os ataques diretos a três  escolas da ONU usadas para dar refúgio a palestinos fugindo dos combates.

Para Ironside, o futuro das crianças em Gaza é "desalentador".

"Ninguém deve se surpreender se algumas crianças palestinas tomarem um caminho mais extremo. É nossa responsabilidade evitar que isto ocorra", concluiu.

Cessar-fogo de 72 horas

Na madrugada desta terça, o Exército de Israel anunciou a retirada de todas as suas tropas terrestres da faixa de Gaza, antes da entrada em vigor, às 8h locais (2h de Brasília), do cessar-fogo de 72 horas mediado pelo Egito. Segundo o tenente-coronel Peter Lerner, as tropas foram deslocadas para "posições defensivas" em território israelense.

O anúncio da retirada foi dado momentos antes da última trégua entrar em vigor. O governo de Israel afirma que o objetivo principal do conflito - destruir túneis do Hamas - foi alcançado. O Exército israelense diz ter atingido 32 túneis usados por militantes islâmicos.

Nas últimas quatro semanas, diversas tréguas foram anunciadas mas poucas duraram, com ambos os lados trocando acusações sobre violações.

Segundo autoridades palestinas, mais de 1.800 pessoas foram mortas na faixa de Gaza desde 8 de julho, a maioria civis. Outros 67 israelenses, a maioria soldados, também foram mortos no conflito.  (Com agências internacionais)