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"Todos sabem que há voluntários russos na Ucrânia", diz embaixador da Rússia na ONU

Vitali Churkin, embaixador da Rússia na ONU, durante reunião do Conselho de Segurança  - Andrew Burton/Getty Images/AFP
Vitali Churkin, embaixador da Rússia na ONU, durante reunião do Conselho de Segurança Imagem: Andrew Burton/Getty Images/AFP

Do UOL, em São Paulo

28/08/2014 20h58

Em reunião de emergência convocada pelo Conselho de Segurança da ONU a pedido do presidente ucraniano, Petro Poroshenko, os países membros criticaram o envolvimento da Rússia no conflito após serem divulgadas nesta quinta-feira (28) imagens de tropas russas no leste do país. O representante russo no encontro, no entanto, disse que "todos sabem que há voluntários" de seu país na região. 

Durante a reunião, Vitali Churkin, embaixador da Rússia na ONU, afirmou que a existência de russos na Ucrânia é fato conhecido. “Todos sabem que há voluntários russos no leste da Ucrânia, ninguém está negando isso.” Segundo ele, a Ucrânia não estaria aberta ao diálogo com os separatistas. 

O enviado da Ucrânia à reunião, Oleksandr Pavlichenkonko, rebateu as críticas de Churkin, dizendo que o governo de Kiev está “aberto a discutir qualquer assunto, exceto a integridade das fronteiras ucranianas, que são inegociáveis”. Pavlichenkonko pediu apoio à comunidade internacional para resistir à "agressão" russa em seu território.

Samantha Power, embaixadora dos Estados Unidos na ONU, criticou duramente a postura da Rússia em relação ao conflito. Ela afirmou que o governo russo “mente de forma deslavada” quando, diante do Conselho e da comunidade internacional, diz não "ajudar os separatistas ucranianos" e "não ter tropas na Ucrânia".

“No mesmo dia em que o presidente Putin diz ser necessário o fim do derramamento de sangue o mais rápido possível, recebemos imagens de satélite de unidades de combate russas dentro do território ucraniano. Soldados russos foram presos naquele dia. O país disse que ‘as tropas entraram por engano’, isso durante um período de conflito na fronteira mais vigiada do mundo”, disse.

A representante norte-americana destacou ainda outras desculpas pouco críveis dadas pela Rússia. Uma delas é a de que “soldados russos em férias” se juntaram aos separatistas ucranianos. “Um soldado russo de férias ainda é um soldado russo”, criticou Samantha. “Sabemos que outros países têm fronteira com a Rússia. Como dizer a eles que sua soberania está assegurada? O que fazer quando soldados russos tirarem férias em seus territórios?”

Na conclusão de sua fala, Samantha alertou que mais sanções poderão ser impostas à Rússia caso o país continue “alimentando o conflito” separatista, mas lamentou o impacto que essas restrições terão sobre os cidadãos russos.

As cidades afetadas pelo movimento separatista na Ucrânia - Arte/UOL - Arte/UOL
As cidades afetadas pelo movimento separatista na Ucrânia
Imagem: Arte/UOL

Churkin alega que as forças ucranianas não têm respeitado leis internacionais, “bombardeando áreas civis onde milhares vivem” e negando ajuda humanitária a cidadãos que moram nas áreas de conflito. Ele disse que os EUA não são transparentes e deveriam “parar de interferir em questões internas de Estados soberanos”.

O representante russo criticou a ameaça de que haja mais sanções ao país, possibilidade reforçada pelo presidente Barack Obama nesta quinta-feira. “O Conselho não está reunido aqui para espalhar acusações, mas para solucionar crises. Em vez disso, seus membros deveriam expressar preocupação com o conflito, pedir um cessar-fogo e ajuda humanitária para pessoas em Donetsk.”

Imagens de satélite mostram militares russos na Ucrânia

Em nota, a Otan afirmou nesta quinta-feira (28) ter imagens de satélites que comprovam a presença de militares russos na Ucrânia

"As imagens, capturadas no fim de agosto, mostram unidades de artilharia russas se movendo em um comboio através do interior da Ucrânia e se preparando para a ação ao estabelecer posições de tiro na área de Krasnodon."

A Otan estima que ao menos 1.000 militares russos estejam operando no país ao lado de rebeldes separatistas.

O governo ucraniano já havia afirmado repetidas vezes que as tropas russas combatiam de forma constante no leste da Ucrânia, o que explicaria os recentes sucessos dos rebeldes no campo de batalha, e pediu ao Ocidente medidas mais decididas para combater a agressão russa.