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Estado Islâmico cometeu crimes contra a humanidade, diz ONU; 1.420 morreram

Do UOL, em São Paulo

01/09/2014 11h22

As ações do grupo radical do EI (Estado Islâmico) na Síria e no Iraque equivalem a "crimes contra a humanidade", disse nesta segunda-feira (1º) a responsável adjunta do Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU, Flavia Pansieri. Ao menos 1.420 pessoas foram mortas no Iraque em agosto durante os conflitos entre os jihadistas e milícias locais.

"Muitos foram diretamente assassinados, outros sitiados e privados de alimentos, água e remédios", denunciou Panseri.

Segundo a funcionária da ONU, pelo menos mil yazidis, uma das minorias mais afetadas, foram mortos e 2.750 sequestrados ou escravizados nas últimas semanas. Em Badosh, se documentou a execução sumária de 650 prisioneiros, com especial violência no caso dos homens xiitas, que foram obrigados a cavar buracos onde foram mortos pelos insurgentes.

A ONU afirmou que o número de vítimas pode ser muito maior, mas que não foi capaz de verificar de maneira independente relatos sobre centenas de incidentes em áreas sob o domínio do grupo.

Pansieri afirmou ainda que as forças de segurança iraquianas e grupos armados que se opõe ao EI também cometeram violações dos direitos humanos que "podem equivaler a crimes de guerra".

O Exército iraquiano, milícias afins e forças curdas, com apoio militar dos Estados Unidos, lutam contra o grupo terrorista, que mantém o controle de extensas áreas das províncias de Anbar, Ninawa, Salah al-Din e Diyala, no norte do Iraque.

O EI proclamou o estabelecimento de um califado nas zonas sob seu domínio, entre o norte iraquiano até a província de Al-Raqqah, na vizinha Síria.

O representante da ONU no Iraque, Nickolay Mladeno, afirmou que "milhares de pessoas continuam a ser alvejadas e mortas pelo EI e grupos armados associados simplesmente por causa de sua origem étnica ou religiosa. As verdadeiras consequências dessa tragédia humana são assombrosas".

Sequestros e crianças-soldado

Além disso, mais de 2.000 mulheres e crianças estão sequestradas no Iraque pelos jihadistas do EI, que as mantém presas em diferentes lugares, segundo informações recolhidas pela Missão das Nações Unidas neste país, que acredita que o número real possa ser "muito maior".

"Mulheres sequestradas puderam ligar para a Missão e informaram que o EI tirou seus filhos e que as mulheres são entregues aos combatentes, vendidas ou escravizadas por se negar a se converter (ao Islã)", disse o coordenador de todos os analistas e grupos de trabalho de direitos humanos da ONU, Chaloka Beyani.

Em uma sessão de emergência do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre o Iraque, também foi denunciado o recrutamento forçado de crianças pelo grupo extremista, que as envia à frente de combate para que sirvam de escudos dos combatentes adultos.

Armamento proibido

O grupo radical também foi acusado pela ONG Human Rights Watch (HRW) de usar bombas de fragmentação durante confrontos na Síria. Este tipo de armamento foi proibido em 1993.

Como diz o nome, elas se fragmentam em pequenas bombas que podem matar ou ferir mesmo um tempo depois de terem sido lançadas.

O EI teria usado as bombas nos dias 12 de julho e 14 de agosto em combates entre o grupo jihadista e as forças curdas em torno de Ain al-Arab, reduto curdo da província de Aleppo, perto da fronteira com a Turquia. (Com agências internacionais)

11.ago.2014 - Cidades sob controle do Estado Islâmico no Iraque e na Síria - Arte UOL - Arte UOL
Cidades sob controle do Estado Islâmico ou sob ameaça de ataques na Síria e Iraque
Imagem: Arte UOL