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Papa diz que a Cúria sofre de 'Alzheimer espiritual'

Papa Francisco fala durante a audiência da Cúria, o aparelho administrativo da Santa Sé - Andreas Solaro/AFP
Papa Francisco fala durante a audiência da Cúria, o aparelho administrativo da Santa Sé Imagem: Andreas Solaro/AFP

Do UOL, em São Paulo

22/12/2014 10h57

O papa Francisco elaborou nesta segunda-feira (22) uma lista de doenças que ameaçam a Cúria, a administração central da Igreja Católica, entre elas o que chamou de "Alzheimer espiritual", em um discurso de uma severidade sem precedentes, no qual condenou a as rivalidades, as calúnias e as intrigas.

Em seu discurso anual aos membros do governo da Igreja, o papa afirmou que, "como qualquer corpo humano", a Cúria sofre de "infidelidades ao Evangelho" e de "doenças que precisa aprender a curar".

Depois anunciou que vai divulgar "um catálogo" das doenças e necessidade para que a Cúria "seja cada vez mais harmoniosa e unida".

O papa citou 15 doenças, usando expressões fortes como, além de "Alzheimer espiritual", "terrorismo do falatório", "esquizofrenia existencial", "exibicionismo mundano", "narcisismo falso" e "rivalidades pela glória".

"A cura é o fruto da tomada de consciência da doença", concluiu o papa, pedindo que os bispos e cardeais se permitam que o Espírito Santo inspire suas ações, invés de confiar apenas em suas capacidades intelectuais.

Papa pede perdão

O papa também pediu perdão pelos erros cometidos por ele mesmo e por seus colaboradores no ano de 2014. "Não quero concluir este encontro sem pedir perdão pelos meus erros e dos meu colaboradores, e também por alguns escândalos que causam tanto mal. Perdoem-me", disse Francisco.

Ele ainda criticou os sacerdotes que dão entrevistas à imprensa apenas para satisfazer o próprio ego. "Um padre costumava ligar para os jornalistas para contar coisas privadas que aconteciam com seu colegas. Ele queria apenas ver seu nome nas primeiras páginas dos jornais para se sentir potente. Coitado!", criticou Francisco.

"É correto pensar na Cúria Romana como um pequeno modelo de igreja, isso é, um corpo que busca diariamente ser mais unido e harmônico. Um corpo complexo, mas coordenado por um funcionamento exemplar e eficaz, apesar da diversidade dos membros", disse o pontífice. Depois deste discurso, Francisco saudou um a um todos os cardeais.