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Promotora desmente jornal e diz que tiro contra Nisman foi à queima-roupa

Do UOL, em São Paulo

25/01/2015 16h17

A promotora Viviana Fein, que investiga a morte do colega, o procurador federal argentino Alberto Nisman, afirma que "o disparo foi [feito] a uma distância não maior que um centímetro" e que "a arma foi apoiada sobre a têmpora". A declaração foi feita neste sábado (24) ao canal de notícias TN.

A informação desmente a versão publicada pelo jornal oposicionista "El Clarín", na qual o tiro que matou o procurador federal teria sido disparado a cerca de 15 a 20 centímetros de sua cabeça. A tese do periódico foi sustentada por fontes judiciais.

Segundo a publicação argentina, a análise balística da Polícia Federal contesta a tese de suicídio. Porém, os dados "ainda não foram oficializados", mas estariam descritos no relatório da perícia e da autópsia. 

Nisman foi encontrado morto no último domingo (18) com um tiro na cabeça disparado por sua própria arma calibre 22. A princípio, o governo argentino sustentava a hipótese de suicídio. Porém, até mesmo a presidente do país, Cristina Kirchner, afirmou não acreditar que ele tenha tirado a própria vida.

Em sua declaração em público, a promotora reafirmou a hipótese inicial de suicídio, embora a investigação esteja sendo conduzida por "morte duvidosa".

Enquanto isso, as dúvidas sobre o caso Nisman são lidas e escutadas em toda a imprensa, mas redes sociais e nas ruas. Um dos indícios que levantam suspeita é o fato de que Nisman foi encontrado morto sem restos de pólvora na mão.

A morte ocorreu horas antes de comparecer ao Congresso para explicar uma denúncia contra Kirchner e seu chanceler, Héctor Timerman, por encobrir ex-funcionários iranianos indiciados por ter idealizado ou realizado o atentado contra a a associação judaica AMIA em Buenos Aires, em 1994.

O atentado, que deixou 85 mortos e 300 feridos, ocorreu dois anos depois de outro, na embaixada de Israel (que matou 29 pessoas) e é considerado o maior ataque terrorista na história da Argentina.

"Queremos que a morte de Nisman seja investigada com profundidade, já que seu desaparecimento leva um enorme conhecimento sobre o caso AMIA", disse à AFP Ariel Cohen, membro da direção da associação judaica.

Nisman, de 51 anos, era o promotor encarregado do caso desde 2004 e se reuniu com líderes da comunidade judaica na quinta-feira anterior a sua morte. "Estava agitado, não nos deu provas de sua denúncia, mas nada nos dizia que ele planejava sua morte", disse Julio Schlosser, presidente da DAIA, agremiação que reúne mais de 140 grupos judaicos.

(Com agências AFP e ANSA)

Protesto exige que morte de promotor seja esclarecida