Topo

Aeronaves da Airbus possuem dois sistemas de acesso à cabine

Do UOL, em São Paulo

26/03/2015 13h42

Trancado na cabine do Airbus A320 da Germanwings, que voava de Barcelona, na Espanha, para Düsseldorf, na Alemanha, o copiloto alemão Andreas Lubitz, 28, teria “deliberadamente” feito a aeronave perder altitude. Ele conseguiu se isolar no setor de controle da aeronave em razão do sistema de segurança que bloqueia as portas da cabine de comando.

As aeronaves da Airbus possuem duas maneiras para abrir a porta da cabine durante um voo.

Um deles funciona da seguinte maneira: por meio de um interfone na porta da cabine, quem está fora avisa o piloto --ou o copiloto-- que quer entrar. Após a comunicação, essa pessoa, então, aperta um botão, que emite um aviso sonoro dentro da cabine. Depois, o piloto movimenta o mecanismo para abrir a porta.

Para que a entrada seja permitida, o piloto --ou o copiloto-- mantém o mecanismo pressionado até que a porta seja liberada para ser aberta. Quem está fora da cabine sabe que a porta foi liberada quando uma luz verde é acionada no exterior da cabine. Por segurança, o piloto precisa manter acionado o mecanismo que libera a porta até que ela seja fechada novamente.

Por senha

A outra maneira considera a possibilidade de o piloto --ou copiloto-- estar incapacitado de atender o pedido para abrir a porta da cabine. Nesse caso, a pessoa que está do lado de fora poderá digitar uma senha em um painel que fica perto da cabine.

Na sequência, será ativado um sistema de liberação da porta. Por 30 segundos, um sinal sonoro --emitido dentro e fora da cabine-- avisa que a senha foi digitada. Dentro da cabine, há um aviso que fala da liberação iminente da porta.

Se durante esses 30 segundos não houver reação da cabine, a pessoa terá 5 segundos para entrar na cabine. Quem está na cabine também poderá impedir a entrada, provável atitude de Lubitz no avião da Germanwings. Outra possibilidade seria uma falha do sistema.

Sozinho

Segundo especialistas, o copiloto ter ficado sozinho na cabine foi um erro. “Nunca se deve ficar uma pessoa sozinha; um auxiliar deve acompanhar o piloto”, disse, ao jornal espanhol “El País”, Luis Lacasa, do Colégio de Pilotos, da Espanha.

Nos EUA, há um protocolo para que isso nunca aconteça -- mas na Europa, não.

A possibilidade de o piloto que ficou de fora da cabine da aeronave da Germanwings ter esquecido a senha de acesso à cabine é quase nula.

Segundo Borja Díaz Capelli, porta-voz do Colégio de Pilotos, é “impossível que o piloto desconheça o código” porque, entre os procendimentos antes da decolagem, está a verificação de que ele sabe a senha de acesso, inclusive para saber se o sistema está funcionando. (Com 'El País')