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Da decolagem à colisão, os 40 minutos do avião que caiu na França

Do UOL, em São Paulo

26/03/2015 15h20Atualizada em 27/03/2015 13h47

Menos de 45 minutos depois de decolar em Barcelona (Espanha) com destino a Düsseldorf (Alemanha), o Airbus 320 da Germanwings com 150 pessoas a bordo bateu nas montanhas dos Alpes franceses, na manhã da última terça-feira (24). Os 144 passageiros e os seis tripulantes, a maioria de origem alemã ou espanhola, morreram na queda da aeronave.

Uma das caixas-pretas do avião foi localizada na tarde do mesmo dia. Dois dias depois, gravações de áudio revelaram que:

- o comandante saiu da cabine e foi impedido de retornar pelo copiloto Andreas Lubitz
- Lubitz, sozinho na cabine, acionou o dispositivo que faz o avião descer
- a torre de controle alertou sobre a queda de altitude, mas não recebeu resposta
- não foram feitos pedidos de ajuda ou chamados de socorro pela aeronave
- o copiloto respirava normalmente e manteve-se em silêncio até o momento do choque, enquanto o comandante batia fortemente na porta

Minuto a minuto, foi esta a trajetória do voo 4U9525, no horário local:

10h: o Airbus 320 da Germanwings decola do aeroporto de Barcelona (Espanha) com destino a Düsseldorf (Alemanha).

Entre 10h e 10h20: durante os primeiros 20 minutos do voo, nada de estranho acontece. O avião mantém contato padrão com o controle aéreo francês. De acordo com os registros da cabine, são normais as conversas entre piloto e copiloto.

10h27: a aeronave alcança altitude de cruzeiro de 38 mil pés (cerca de 11.500 metros).

10h30: é feito o último contato do A320 com a torre de controle, em procedimento normal de comunicação.

Após 10h31: o comandante começa o ‘briefing’, que é a revisão do fim do trajeto do voo e dos diferentes procedimentos a seguir até a aterrisagem. Aqui, as respostas do copiloto são “lacônicas”, de acordo com a investigação. Em seguida, o piloto deixa seu posto, provavelmente para ir ao banheiro, e pede ao copiloto que assuma o comando.

O Airbus começa a descer, enquanto o copiloto está sozinho na cabine. Segundo as investigações, o copiloto Andreas Lubitz acionou voluntariamente “um botão, por uma razão que ignoramos totalmente, mas que pode ser analisada como uma vontade de destruir aquele avião”.

Entre a saída do comandante da cabine e o choque: o piloto, de volta do banheiro, tenta várias vezes abrir a porta da cabine, seguindo um procedimento habitual: ele digita um código do lado de fora e se comunica pelo interfone com o copiloto, que não responde. O comandante passa a bater na porta, mas continua sem resposta. Segundo as investigações, Lubitz intencionalmente manteve o piloto fora da cabine.

A torre de controle de Marseille tenta por múltiplas vezes fazer contato por rádio com o avião, mas não há resposta.

10h35: A direção geral de aviação civil (DGAC), ao constatar o silêncio na comunicação e que o avião está perdendo altitude, dá um sinal de alerta que pode levar aviões de caça a decolarem e tentarem aproximação. O A320 é colocado ‘na frente’ de outras aeronaves para um possível pouso de emergência. O controle de tráfego aéreo pede que outros voos façam contato com o Airbus da Germanwings, mas não há resposta.

Segundos anteriores ao choque nas montanhas: as batidas na porta da cabine, blindada, se fazem cada vez mais fortes, como se o comandante estivesse tentando derrubá-la. Alarmes internos são disparados automaticamente avisando da proximidade com o solo. O som destes alarmes pode ser ouvido nas gravações retiradas da caixa-preta, assim como gritos de passageiros. Até esse momento, a respiração do copiloto, que permanece em silêncio, é considerada normal. Desde que fica sozinho na cabine, Lubitz não diz nem uma palavra.

10h40: o Airbus 320 é detectado, pela última vez, por um radar francês, a uma altitude quase idêntica àquela em que ocorreu o choque, 6.175 pés (1.880 metros). (Com informações do "Le Monde")