Topo

Muçulmana relata discriminação a bordo de avião da United Airlines, nos EUA

Foto do perfil do Facebook de Tahera Ahmad, capelã muçulmana americana que afirma ter sido vítima de discriminação em um voo da United Airlines - Reprodução
Foto do perfil do Facebook de Tahera Ahmad, capelã muçulmana americana que afirma ter sido vítima de discriminação em um voo da United Airlines Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

31/05/2015 10h11

Tahera Ahmad, capelã muçulmana da Northwestern University, em Chicago (EUA), afirma ter sofrido discriminação a bordo de um voo da United Airlines, partindo de Chicago e rumo a Washington D.C., na última sexta-feira (29). O episódio viralizou na internet e pode levar a um movimento de boicote à companhia aérea.

Em sua página no Facebook, Ahmad alegou que uma comissária de bordo foi "claramente discriminatória" depois que ela pediu uma lata fechada de refrigerante por razões de higiene. A funcionária teria lhe dito: "Bem, eu sinto muito. Eu simplesmente não posso te dar uma lata fechada, por isso sem Diet Coke para você".

Segundo o relato dela, a comissária deu ao homem ao lado de Ahmad uma lata fechada de cerveja. "Ela [a comissária] olhou para a lata, rapidamente a agarrou, a abriu e disse: 'É para você não usar como uma arma'".

Na sequência, de acordo com a mulher, ela pediu às pessoas ao redor para testemunharem o caso de preconceito, mas, em vez disso, um dos passageiros se levantou e gritou com ela: "Ô, muçulmana, cala a porra da sua boca. Você sabe que poderia usar a lata como arma, então cala a boca". Sua reação foi chorar no voo.

Segundo o jornal britânico "The Guardian", ativistas muçulmanos clamaram por um boicote à United Airlines pelas mídias sociais, chamando o alegado incidente de um ato "imperdoável" de fanatismo. A hashtag #UnitedforTahera ("Unidos por Tahera") foi criada para divulgar o protesto.

O porta-voz da United Airlines, Charles Hobart, disse ao "Guardian" que a companhia estava tentando entrar em contato com Ahmad, a fim de "obter uma melhor compreensão do que ocorreu".

Hobart também disse que a empresa estava discutindo o suposto incidente com a Shuttle America, parceira regional da United que operava o voo.

A empresa Republic Airways, proprietária da Shuttle America, não respondeu ao "Guardian" sobre a sua política de bebidas. A política da Administração Federal de Aviação proíbe o transporte de bebidas alcoólicas não abertas, mas não parece ter uma regulamentação específica para latas fechadas.

Ahmad disse ao jornal americano "Chicago Sun-Times" que ela depois recebeu um pedido de desculpas da comissária de bordo em nome de si mesma e do outro passageiro, dizendo que ela havia "reconhecido que foi antiética e que nunca deveria ter dito nada".

Na declaração oficial divulgada pela United Airlines, a empresa afirma que "a aeromoça a bordo do voo tentou várias vezes atender à solicitação de bebidas da sra. Ahmad depois de um mal-entendido sobre uma lata de refrigerante. (...) Falamos com ela esta tarde para obter uma melhor compreensão do que ocorreu e nos desculpar por não entregar o serviço que nossos clientes esperam quando viajam conosco. Estamos ansiosos para ter a oportunidade de receber a sra. Ahmad de volta".

Em outro post do Facebook, publicado na manhã deste domingo (31), Ahmad disse que se decepcionou com a resposta da companhia. 

"Infelizmente a United rejeitou toda a minha narrativa e banalizou-a a uma lata de refrigerante. Como passageira premium frequente da empresa, tenho sido servida com bebidas em latas fechadas muitas vezes e tenho acompanhado os procedimentos da United em todas as minhas viagens."

"Eu dediquei minha vida à paz, fui neste voo da United para promover ativismo de justiça social, com conversas justas e pacíficas entre israelenses e palestinos na [comunidade interreligiosa] Kids4Peace. É realmente desanimador quando a discriminação contra americanos como eu, que estão trabalhando duro todos os dias para promover o diálogo e a compreensão, é desconsiderada e banalizada. Eu não recebi um sincero pedido de desculpas por escrito para a dor e mágoa que eu experimentei como resultado da discriminação e das palavras de ódio dirigidas a mim", diz o texto dela.