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Atirador do cinema no Colorado é considerado elegível à pena de morte

AFP
Imagem: AFP

Do UOL, em São Paulo

23/07/2015 17h36Atualizada em 23/07/2015 17h49

O americano James Holmes --o atirador do massacre em um cinema na cidade de Aurora, no Estado americano do Colorado (EUA)-- foi considerado elegível à pena de morte, nesta quinta-feira (23), pelo ataque que matou 12 pessoas e feriu mais 70 em 20 de julho de 2012. Entre os jurados, havia nove mulheres e três homens, responsáveis pela decisão.

Para ser passível da condenação à morte, Holmes precisava ser considerado culpado de pelo menos um dos cinco fatores agravantes dos quais foi acusado --ter matado duas ou mais pessoas, criado risco grave aos outros, agido de maneira perversa, emboscado as vítimas e assassinado intencionalmente uma criança. Ele só escapou da última.

A sentença, agora, chega a uma segunda fase, que pode demorar semanas. A defesa de Holmes tentará argumentar contra a pena de morte afirmando que ele é doente mental --caso tenha sucesso, ele pegará prisão perpétua. Em caso negativo, o júri decide entre a pena de morte ou a sentença de perpétua.

Durante os 54 dias de julgamento até hoje, mais de 250 testemunhas retrataram o horror e a angústia que sofreram quando Holmes invadiu uma sala de cinema em Aurora, nos arredores de Denver, durante a estreia do filme Batman "O Cavaleiro das Trevas Ressurge" com uma máscara de gás, luvas negras e quatro armas.

Com uma espingarda, uma escopeta e dois revólveres, Holmes encheu o cinema de gás lacrimogêneo e disparou aleatoriamente durante sete minutos, até a polícia conseguir detê-lo fora do cinema.

O promotor George Brauchler pediu aos jurados para julgarem o atirador, James Holmes, "responsável pelo que ele fez". Brauchler apresentou os seus argumentos finais aos jurados, e foi seguido pelo advogado da defesa Dan King, que disse aos jurados que o réu era "psicótico".

Holmes, autor confesso do massacre, enfrentou 24 acusações de assassinato e 140 de tentativa de assassinato. Durante o julgamento, os jurados viram mais de 24 horas de vídeo e mais de 1.500 fotografias.

Argumentação

Os promotores argumentaram que Holmes meticulosamente planejou o ataque. Dois psiquiatras forenses nomeados pelo tribunal declararam que Holmes era legalmente são no momento do massacre.

Durante todo o processo, a defesa argumentou que Holmes, ex-estudante de pós-graduação da Universidade do Colorado, não era capaz de distinguir entre o bem e o mal quando.

Os advogados de defesa disseram que Holmes estava tão doente mentalmente que era incapaz de diferenciar o certo do errado. Dois psiquiatras contratados pela defesa testemunharam que encontraram Holmes completamente insano no momento do ataque.

Todos os quatro psiquiatras concordaram que Holmes tem uma doença mental grave.

Durante o julgamento, o promotor Brauchler apontou para Holmes e disse que ele estava com um "poder de fogo impressionante", incluindo um rifle semi-automático e cápsulas para penetração em aço, além de ter usado gás lacrimogêneo no local.

A defesa se concentrou em dois psiquiatras contratados que concluíram que Holmes é delirante e sofre de esquizofrenia, que ouviu vozes ordenando-lhe a matar para melhorar a sua autoestima, e não pode ser considerado legalmente responsável.

Holmes ficou impassível durante as 11 semanas de julgamento. Ocasionalmente, virava-se para assistir a vídeos em uma televisão do tribunal. Ele raramente interagia com seus advogados ou olhava para seus pais, que estiveram no tribunal durante a maior parte do julgamento.

O tiroteio reacendeu o debate sobre o controle e a venda de armas nos EUA e impulsionou mudanças legislativas no Estado do Colorado, que após o massacre aprovou uma das legislações mais restritivas de checagem de antecedentes dos compradores e de restrição no número de balas. (Com CBS Denver e agências internacionais)