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Irmãs indianas pedem ajuda após conselho determinar que elas sejam estupradas

13.mar.2015 - Indianos participam de uma marcha contra o abuso de mulheres no país -  Manjunath Kiran/AFP
13.mar.2015 - Indianos participam de uma marcha contra o abuso de mulheres no país Imagem: Manjunath Kiran/AFP

Do UOL, em São Paulo

28/08/2015 17h14

Duas irmãs indianas recorreram à Suprema Corte do país e pediram ajuda à Anistia Internacional após um conselho do vilarejo Baghpat, no Estado de Uttar Pradesh, determinar que elas sofram estupro coletivo porque seu irmão se envolveu com uma mulher de uma casta superior, dentro do sistema social hindu.

O pedido à Suprema Corte foi feito pela irmã mais velha, Meenakshi Kumari, 23, em 5 de agosto, requisitando proteção a ela, a sua irmã de 15 anos e ao restante da família, que fugiu para Nova Déli após ter a casa saqueada.

O conselho, formado apenas por homens, ainda determinou que elas tenham seus rostos pintados de preto e sejam expostas nuas após seu irmão Ravi Kumari casar e fugir com uma mulher da casta Jat. A família Kumari é da casta Dalit (“intocáveis”, ou “impuros”), a mais baixa no sistema. Segundo o conselho, é uma forma de justiça olho por olho, para “vingar a honra” após a atitude de Ravi.

Segundo Sumit Kumar, outro irmão das jovens, “a decisão dos Jat é a final” no vilarejo. “Eles não nos escutam. A polícia não nos escuta. A polícia disse que qualquer um pode ser assassinada agora”, disse ele à Anistia Internacional. De acordo com Kumar, o pedido à Suprema Corte aumentou a hostilidade e a violência por parte dos homens do vilarejo.

Além da família, a mulher que fugiu com o irmão das jovens também corre perigo. Ela fugiu após ter sido obrigada a casar com outro homem em fevereiro, de acordo com a entidade de direitos humanos, e estaria grávida do parceiro atual.

 “Conselheiros de vilarejos como esses, que não foram eleitos, estão espalhados pela Índia. O mais comum é eles serem compostos por homens mais velhos de castas dominantes, que determinam regras para comportamento social e interações nas vilas”, diz a denúncia da Anistia Internacional.

A entidade pede, neste link, que as pessoas enviem seus apelos às autoridades locais para investigar o caso de forma isenta e imparcial e que as irmãs sejam devidamente protegidas.

A Índia sofre constantemente com denúncias de estupro e agressões sexuais contra mulheres – no ano passado, mais de 37 mil casos foram denunciados.