Topo

Para muitos refugiados, jornada para a Europa começa pelo Facebook

Ralph Orlowski/Reuters
Imagem: Ralph Orlowski/Reuters

Naline Malla, Ayla Jean Yackley, Marton Dunai e Aleksandar Vasovic

Em Beirute (Líbano), Istambul (Turquia), Budapeste (Hungria) e Belgrado (Sérvia)

01/09/2015 18h48

Pessoas que querem fugir da guerra no Oriente Médio estão usando o Facebook como ferramenta para encontrar traficantes de seres humanos, na esperança de conseguir uma vida melhor na Europa.

O site e outras redes de mídias sociais que já foram usadas para mobilizar os levantes da chamada Primavera Árabe agora hospedam serviços de informações para aqueles que desejam escapar da guerra civil da Síria e outros conflitos da região.

Nelas os refugiados encontram muito do que precisam saber, como preços, taxas e propinas a pagar na viagem que inclui riscos como morrer afogado no mar ou sufocado num caminhão.

Além disso, aplicativos como WhatsApp e Viber os ajudam na rota para contatar traficantes, amigos e família, enquanto o mapeamento na internet garante que eles não se percam.

O Facebook guia os refugiados antes de deixarem a Síria, disse Muhammed Salih Ali, líder da Associação de Solidariedade para Refugiados Sírios, em Izmir, distrito de Basmane, Turquia.

"Eles podem fazer contato com os intermediários no Facebook. Uma vez que estejam em Basmane, podem passar três ou cinco dias em hoteis e considerar as opções. Eles conversam com outras pessoas sobre qual traficante é mais acessível ou tem reputação de segurança," disse ele em entrevista.

Uma viagem de Istambul para a Alemanha custa seis mil euros, de acordo com um anúncio no Facebook.

Alguns refugiados fazem toda a jornada a partir da Síria usando um agente. Hafez, 31 anos, refugiado de Damasco, disse que encontrou o seu através das mídias sociais.

"Também usamos extensivamente o Google Maps, conforme as pessoas que estão atravessando a Hungria nos enviam pontos de passagem e coordenadas. Até o momento, há dois pontos bons na fronteira e um que é potencialmente problemático," disse, apontando para seu smartphone.