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Mortos em ataque a hospital no Afeganistão já são 22; ONG pede investigação

Do UOL, em São Paulo

04/10/2015 12h07Atualizada em 05/10/2015 10h30

Subiu para 22 o total de mortos no bombardeio a um hospital da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Kunduz, no Afeganistão. As vítimas fatais foram 12 membros da ONG e 10 pacientes, incluindo 3 crianças. 

A MSF pediu que uma investigação independente apure o caso, que classificou como "crime de guerra". "Partindo do pressuposto de que um crime de guerra foi cometido, a MSF exige que seja conduzida uma investigação completa e transparente sobre o caso por um órgão internacional independente", disse o diretor-geral da ONG, Christopher Stokes, em comunicado.

A coalizão liderada pelos Estados Unidos no Afeganistão disse que espera concluir uma investigação preliminar em alguns dias para determinar as responsabilidades pelo ataque. As conclusões devem vir à tona em uma "questão de dias", disse a Otan em comunicado.

O ataque contra o hospital aconteceu no sábado (3). Os Estados Unidos reconheceram que causaram "danos colaterais" à instalação médica durante um bombardeio em Kunduz. As forças norte-americanas lançaram um ataque aéreo às 2h15 da madrugada, segundo o porta-voz coronel Brian Tribus. 

Obama promete 'investigação exaustiva'

O presidente Barack Obama prometeu uma investigação exaustiva sobre o bombardeio.

Ele apresentou suas "profundas condolências" depois do ataque no sábado, mas afirmou que vai esperar pelos resultados da investigação antes de emitir um juízo definitivo sobre as circunstâncias da tragédia.

"As forças americanas realizavam um ataque aéreo em Kunduz contra pessoas pessoas que ameaçavam as forças da coalizão, o que pode ter provocado danos colaterais em um centro médico nas proximidades do alvo", disse ontem o coronel Brian Tribus, porta-voz da missão da Otan no Afeganistão.

ONU condena ataque e fala em crime de guerra

A ONU (Organização das Nações Unidas) condenou o bombardeio e disse que pode ser considerado um "crime de guerra" caso tenha sido intencional.

"Esse acontecimento profundamente chocante será investigado de forma imediata, profunda e independente, e os resultados devem ser divulgados ao público", disse o chefe de Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra’ad al Hussein.

"A gravidade do incidente é agravada pelo fato de que, se for considerado intencional pela Justiça, um ataque a um hospital pode ser considerado um crime de guerra."

Governo afegão culpa Taleban; Taleban culpa governo afegão

O governo do Afeganistão culpou o grupo radical Taleban pelo bombardeio, por terem decidido se esconder no hospital durante os confrontos com as tropas afegãs, que contavam com apoio aéreo americano.

Segundo o porta-voz do Ministério do Interior, Seddiq Seddiqi, "entre 10 e 15 terroristas se esconderam no hospital". O Ministério da Defesa disse que os combatentes do Taleban atacaram o hospital e estavam usando o edifício como "escudo humano". 

Por sua vez, o Taleban condenou o ataque e afirmou que não havia nenhum insurgente dentro do hospital. O porta-voz da milícia, Zabihullah Mujahid, disse em comunicado que a agência de inteligência do Afeganistão passou informações falsas aos EUA, levando ao ataque ao hospital.

"As forças americanas bombardearam um hospital civil na cidade de Kunduz, no qual médicos, enfermeiras e pacientes foram martirizados e feridos", afirmou.

Para ONG, nada justifica o ataque

A organização Médicos Sem Fronteira nega essa versão do governo afegão.

"Os portões do complexo hospitalar são fechados toda noite, então nenhum dos presentes era estranho na equipe do hospital...", afirmou a organização.

"Em todo caso, bombardear um hospital em plena operação nunca pode ser uma medida justificada", acrescentou.

Cidade acabou de ser retomada dos talebans

Cidade estratégica do norte do Afeganistão, Kunduz foi reconquistada pelo Exército afegão das mãos dos talebans na quinta-feira passada, após três dias de batalhas.

Kunduz foi a primeira grande cidade afegã tomada pelos talebans desde que foram expulsos do poder, em 2001, pela invasão americana ao país.

(Com Agências Internacionais)