Ataques a Paris revelam facilidade de jihadistas para cruzar fronteiras
A descoberta de que Abdelhamid Abbaoud, suspeito de ter sido mentor dos atentados de 13 de novembro, estava na Grande Paris chama atenção para a facilidade com que os jihadistas viajaram dentro da Europa e para a Síria, apesar de serem seguidos por serviços antiterroristas europeus. Morto nessa quarta-feira (18) na operação em Saint-Denis, o jihadista de nacionalidade belga já tinha feito ao menos duas viagens de ida e volta entre a Bélgica e o Califado até o início de 2015.
Ele não foi o único. Quase todos os envolvidos nos ataques a Paris tinham feito viagens entre a Europa e a Síria, atravessando fronteiras sob os olhos das autoridades.
De acordo com o jornal francês Libération, Salah Abdeslam, um dos suspeitos foragidos, está há muitos anos sob o radar da polícia belga. Na sua ficha, há registros de roubos e de tráfico de drogas, seu nome aparece também em um caso de assalto ao lado de Abdelhamid Abbaoud.
Apesar disso, Abdeslam continuava a viajar pela Europa sem maiores problemas. Segundo o jornal francês, a polícia holandesa disse tê-lo detido em fevereiro por posse de maconha, e o liberou. Neste ano, seu nome apareceu em arquivos alfandegários da Grécia e também, em setembro, foi registrado no oeste da Áustria após cruzar a fronteira da Alemanha.
Na lista de terroristas que teriam participado do ataque à capital francesa, ao menos três franceses teriam ido para a Síria: Omar Ismaïl Mostefaï e Samy Amimour, dois dos responsáveis pelo massacre no Bataclan, e Bilal Hadfi, um dos suicidas do Stade de France.
Segundo o NYT, acredita-se que mais de 1.000 cidadãos franceses e 600 alemães tenham saído da Europa para fortalecer o exército do Estado Islâmico na Síria. A Bélgica teria cerca de 520 combatentes na Síria, país com maior percentual relativo ao tamanho da população. Outros 750 muçulmanos britânicos fariam parte do exército do EI.
Falta de compartilhamento de informações
Após anunciar que o Abbaoud estava morto, o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, disse que a França não recebeu nenhuma informação por parte de outros países europeus de que o belga poderia ter voltado ao continente após ter se instalado na Síria, em 2014.
Com fronteiras abertas entre os países da União Europeia, os últimos acontecimentos colocam dúvidas sobre o compartilhamento de informações sobre a segurança entre os países.
"Ao nível europeu, há muito pouca organização pois os Estados consideram que a luta contra o terrorismo está no centro de sua soberania", destacou o pesquisador Pierre Berthelet ao Libération. "Os Estados membros [da União Europeia] guardam suas informações."
Um alto funcionário do contraterrorismo belga disse ao The New York Times que a Turquia rotineiramente não responde aos pedidos de informação. Um oficial turco, no entanto, disse que sua agência tinha avisado a França por duas vezes sobre o nome de um dos terroristas de Paris em junho, mas que não teria tido respostas ou sido procurado após os atentados.
Enquanto oficiais de países membros da União Europeia falam sobre a burocracia das informações e falta de agilidade, serviços de mensagens instantâneas e criptografas, como o WhatsApp e o Telegram, são usados peos jihadistas.
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